MENSAGENS FINAIS

QUEM SOMOS NISTO CREMOS ESTUDOS JUDICIAIS CARTAS

"Crês Tu que Deus é um Só?" Um Apelo a Trinitarianos e Não-Trinitarianos

Introdução

Paulo pleiteava com os que haviam uma vez conhecido na vida o poder de Deus, para voltarem a seu primeiro amor da verdade do evangelho. Com irrespondíveis argumentos expunha perante eles seu privilégio em se tornarem homens e mulheres livres em Cristo, por cuja graça expiatória todos os que fazem completa entrega são vestidos com o manto de Sua justiça. A posição que Ele tomou é que cada alma que deseja ser salva precisa ter uma experiência genuína e pessoal nas coisas de Deus.

As fervorosas palavras de súplica do apóstolo não ficaram sem fruto. O Espírito Santo operou com forte poder, e muitos cujos pés se haviam desviado para caminhos estranhos, retornaram a sua primeira fé no evangelho. Daí em diante ficaram firmes na liberdade com que Cristo os havia libertado. Na vida deles foram revelados os frutos do Espírito - "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio". Gál. 5:22 e 23. O nome de Deus fora glorificado e muitos foram acrescentados ao número dos crentes em toda aquela região. AA 388

As palavras de Paulo dirigidas à igreja primitiva bem poderiam com efeito ser ditas a nós, seguindo-se semelhante resultado de avivamento espiritual.

Avivamento espiritual, é disso que precisamos neste momento. Estamos nos aproximando da última crise que se iniciará com a lei dominical e culminará no evento mais estupendo que este planeta jamais presenciou: a segunda vinda de Cristo Jesus em poder e glória, conforme Ele predisse nas Escrituras sagradas. Em um tempo tão solene como este no qual estamos vivendo, faria bem a cada um de nós perguntar a si mesmo? Como está minha vida diante de Deus? Como considero minha salvação? Amo eu realmente a Cristo?

As fileiras adventistas do sétimo dia presenciam uma sacudidura de nível mundial no tocante a mensagem do primeiro anjo. Todos advogam que crêem que “Deus é um só”. A grande maioria dos adventistas crêem que Deus é um só, mas sendo uma unidade de três pessoas, enquanto poucos, estes que estão sendo perseguidos e excluídos das igrejas, apresentam a Bíblia conclamando os crentes para adorarem o Deus único – Pai e Filho. Todavia, como já dissemos neste parágrafo, de uma forma ou de outra, trinitarianos e anti-trinitarianos crêem e dizem que “Deus é um só”. Uma frase que encontramos na Palavra de Deus é tão abrangente como verdadeira em relação a cada adventista, uma vez que engloba os dois grupos e trata da situação espiritual de cada indivíduo:

Crês tu que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios crêem e temem.Tiago 2:19

A Bíblia diz que fazemos bem em crer que Deus é um só. Assim, não diminui a importância de adorar o verdadeiro Deus único. Todavia, a frase seguinte mostra que crer no único Deus verdadeiro apenas não é suficiente para a salvação do homem, uma vez que se o fosse, até os demônios seriam salvos, posto que afirma: “até os demônios crêem e temem”.

Hoje, existem, em termos de crença, duas igrejas adventistas: “trinitarianos” e “anti-trinitarianos”. Quer você seja de uma ou de outra dessas igrejas atualmente, a mensagem deste material se destina a você. Rogo que a estudes com oração, com sincero desejo de obter a redenção proposta por Cristo Jesus para a sua alma.

 

1 – Voltando ao primeiro amor

Quando essa igreja é pesada nas balanças do santuário, é achada em falta, tendo deixado seu primeiro amor. Declara a Testemunha Fiel: "Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e trabalhaste pelo Meu nome, e não te cansaste." Apoc. 2:2 e 3. Não obstante tudo isso, a igreja é achada em falta. Qual será a fatal deficiência? - "Deixaste o teu primeiro amor." Não é este o nosso caso? Podem nossas doutrinas ser corretas; podemos detestar as doutrinas falsas, e não receber os que não sejam fiéis aos princípios; podemos labutar com incansável energia; mas mesmo isto não basta. Qual é nosso motivo? Por que somos chamados a arrepender-nos? - "Deixaste o teu primeiro amor."

Estude todo membro da igreja esta importante advertência e repreensão. Cuide cada qual para que, contendendo pela verdade, debatendo sobre a teoria, não tenha perdido o terno amor de Cristo. Porventura não foi Cristo deixado fora dos sermões, e fora do coração? Não haverá perigo de que muitos prossigam tendo a profissão da verdade, fazendo trabalho missionário, enquanto o amor de Cristo não foi entretecido no trabalho? Esta solene advertência da Testemunha Fiel significa muito; exige que vos lembreis de onde caístes, e vos arrependais, e pratiqueis as primeira obras; "quando não", diz a Testemunha Fiel, "brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres". Apoc. 2:5. Oh! que a igreja reconhecesse sua necessidade de seu primeiro e ardente amor! Faltando este, todas as outras excelências não bastam. O chamado ao arrependimento é tal que não pode ser menosprezado sem perigo. Não basta crer na teoria da verdade.

Apresentar essa teoria aos descrentes não faz de vós uma testemunha de Cristo. A luz que vos alegrou o coração quando pela primeira vez compreendestes a mensagem para o tempo atual, é elemento necessário em vossa experiência e trabalhos, e essa luz se extraviou de vosso coração e vida. Cristo contempla vossa falta de zelo e declara que decaístes, e estais em situação perigosa....

Ao apresentar as vigentes reivindicações da lei, muitos têm deixado de descrever o infinito amor de Cristo. Os que possuem tão grandes verdades, tão importantes reformas a apresentar ao povo, não têm reconhecido o valor do Sacrifício expiatório como expressão do grande amor de Deus ao homem. O amor a Jesus, e o amor de Jesus aos pecadores, têm sido deixados fora da experiência religiosa dos que foram comissionados a pregar o evangelho e o próprio eu tem sido exaltado, em vez do Redentor da humanidade.  ME 1, 370, 371

O testemunho afirma que o amor tem sido deixado de fora na experiência religiosa dos que foram comissionados a pregar. Quem sabe você, irmão, ao ler isto, procure confortar seu coração com o fato de que no fundo você nutre em seu coração uma simpatia para com os que ainda não aceitaram a verdade, ou com aqueles que a estão avaliando. Todavia, a Palavra de Deus nos ensina que o amor não é um sentimento, e sim um princípio de vida:

“o cumprimento da lei é o amor” Rom. 13:10

A pergunta passa então a ser simples? Cumpre você a lei de Deus? Se sim, tens o verdadeiro amor. Se não, não possuis o verdadeiro amor. O que significa cumprir a lei de Deus?

“"Se queres, porém, entrar na vida", acrescentou, "guarda os mandamentos." Mat. 19:17. O caráter de Deus é expresso em Sua lei; e se queres estar em harmonia com Deus, os princípios de Sua lei devem ser o motivo de todas as tuas ações.” PJ 391

O testemunho é enfático: “se queres estar em harmonia com Deus, os princípios de Sua lei devem ser o motivo de todas as tuas ações”. É esta a realidade da sua experiência religiosa hoje? Se não, necessário é que se arrependas. Porque deves se arrepender? O testemunho nos responde:

“Em seu estado de inocência mantinha o homem feliz comunhão com Aquele "em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência". Col. 2:3. Depois de pecar, porém, já não podia encontrar alegria na santidade, e procurou esconder-se da presença de Deus. Tal é ainda hoje o estado do coração não convertido. Não está em harmonia com Deus e não encontra prazer na comunhão com Ele. O pecador não poderia sentir-se feliz na presença de Deus; esquivar-se-ia ao contato dos seres santos. Se lhe fosse permitido entrar no Céu, este nenhuma alegria lhe proporcionaria. O espírito de abnegado amor que ali reina - onde cada coração reflete o Infinito Amor - não encontraria eco em sua alma. Seus pensamentos, seus interesses, seus motivos seriam bem diferentes dos que animam os imaculados habitantes dali. Seria uma nota discordante na melodia celeste. O Céu ser-lhe-ia um lugar de suplícios; almejaria ocultar-se daquele que ali é luz e centro de todas as alegrias. Não é um decreto arbitrário da parte de Deus que veda o Céu aos ímpios; estes são excluídos por sua própria inaptidão para dele participar. A glória de Deus ser-lhes-ia um fogo consumidor. Prefeririam a destruição, para serem escondidos da face dAquele que morreu para os redimir.” Caminho a Cristo, págs. 17, 18

O testemunho aclara que o coração não convertido é aquele que não sente alegria na santidade, ou seja, na obediência completa aos mandamentos de Deus. Se qualquer pessoa que carrega o título de “cristão” vive na desobediência consciente de qualquer dos mandamentos da lei de Deus, está tão sem esperança como o pecador comum. Isto porque, como vimos pelo testemunho acima, ele é considerado pelo Céu como alguém “não convertido”. A pergunta então passa a ser: qual é a tua situação hoje diante do Céu?

Cristo não diminui as exigências da lei. Em linguagem inconfundível apresenta a obediência a ela como condição da vida eterna - a mesma condição requerida de Adão antes da queda. O Senhor não espera agora menos de nós, do que esperava do homem no Paraíso, obediência perfeita, justiça irrepreensível. A exigência sob o pacto da graça é tão ampla quanto os requisitos ditados no Éden - harmonia com a lei de Deus, que é santa, justa e boa.

Às palavras: "Guarda os mandamentos", o jovem respondeu: "Quais?" Mat. 19:17 e 18. Supôs que fossem alguns preceitos cerimoniais; mas Cristo falava da lei dada no Sinai. Mencionou diversos mandamentos da segunda tábua do decálogo, e resumiu-os todos no preceito: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." Mat. 19:19.” PJ, 391

O verdadeiro cristão, aquele que está justificado diante de Deus, é obediente a todos os mandamentos. Quantos? Todos, todos os que ele conhece, que lhe foram inculcados na consciência pelo Espírito Santo que vem de Deus. Por isso o verdadeiro cristão não possui nenhuma mancha de culpa na consciência, conforme afirma o testemunho:

O verdadeiro cristão obtém uma experiência que promove a santidade. Ele está sem uma mancha de culpa na consciência, ou um laivo de corrupção na alma. A espiritualidade da lei de Deus, com seus princípios limitadores, são incluídos em sua vida. A luz da verdade ilumina-lhe vivamente o entendimento. Um brilho de perfeito amor ao Redentor afasta as origens corruptas que se interpuserem entre sua mente e Deus. A vontade de Deus tornou-se a sua vontade - pura, elevada, refinada e santificada. Seu semblante revela a luz do Céu. Seu corpo é um adaptado templo para o Espírito Santo. A santidade adorna-lhe o caráter. Deus pode comungar com ele, pois alma e corpo estão em harmonia com Deus. Carta 139, 1898.” MCP, Vol. 2

Entendestes agora porque necessitas se arrepender? Não basta apenas professar crer em Jesus e advogar a doutrina que entendes ser biblicamente correta. Jesus diz a todos nós claramente:

Porque me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Lucas 6:46

A frase acima pode parecer contraditória a algumas verdades do testemunho que tratam da graça de Deus dispensada para a salvação do homem. Na próxima seção deste material, procuraremos harmonizar os testemunhos que tratam da mensagem da salvação de Deus oferecida ao homem em Jesus Cristo, objetivando compreender o que Deus fez por nós e o que Ele espera de nós no tocante a salvação.

 

2 – Que farei para ser salvo?

Cristo pode salvar perfeitamente, porque sempre vive para fazer intercessão por nós. Tudo que o homem pode fazer no sentido de sua salvação, é aceitar o convite: "Quem quiser, tome de graça da água da vida." Apoc. 22:17. ME 1, 343 “Vós, que suspirais por alguma coisa melhor do que as que este mundo oferece, reconhecei nesse anelo a voz de Deus à vossa alma.” CC, 28

“E quem quiser tome de graça da água da vida." Apoc. 22:17. O poder do amor e da graça de Deus nos constrange a aceitar o convite.

O Salvador diz: "Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo." Apoc. 3:20. Não é repelido por menosprezo nem desviado por ameaças, antes procura constantemente o perdido, e diz: "Como te deixaria?" Osé. 11:8. Embora Seu amor seja repelido pelo coração obstinado, volta a suplicar com mais força: "Eis que estou à porta e bato." Apoc. 3:20. O poder prevalecente de Seu amor, impele a alma a entrar; e diz a Cristo: "A Tua mansidão me engrandeceu." Sal. 18:35.” PJ, 235. 

O Convite

"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei." Mat. 11:28.

“Essas palavras de conforto foram dirigidas à multidão que seguia a Jesus... Todos quantos estão cansados e oprimidos, podem‑se chegar a Ele.” DTN,  328 “Todos os que têm a intuição de sua profunda pobreza de alma e vêem que em si mesmos nada possuem de bom, encontrarão justiça e força olhando a Jesus. Diz Ele: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos." Mat. 11:28. Ele vos ordena que troqueis a vossa pobreza pelas riquezas de Sua graça. Não somos dignos do amor de Deus, mas Cristo, nossa segurança, é digno, e capaz de salvar abundantemente todos os que forem a Ele. Qualquer que tenha sido vossa vida passada, por mais desanimadoras que sejam vossas circunstâncias presentes, se fordes a Jesus exatamente como sois, fracos, incapazes e em desespero, nosso compassivo Salvador irá grande distância ao vosso encontro, e em torno de vós lançará os braços de amor e as vestes de Sua justiça.” MDC 8, 9

Jesus contemplou a humanidade, ignorante, apostatada de Deus e que se achava sob a penalidade da lei transgredida; e veio trazer livramento, oferecer perdão completo, assinado pela Majestade do Céu. Se o homem aceitar esse perdão poderá salvar‑se; se rejeitá‑lo, estará perdido...Perdei o que tiverdes de perder no âmbito dos conhecimentos humanos, mas deveis ter fé no perdão adquirido para vós a um preço infinito, pois do contrário perecerá convosco toda a sabedoria obtida na Terra. FEC, 181 Mas como recebemos este perdão?

Como aceitamos o convite divino para receber o perdão dos nossos pecados - apenas dizendo “aceito”?

“Quando te convenceres de que não podes ser cristão e ao mesmo tempo fazer o que te agrada, quando reconheceres que terás de render a tua vontade à vontade de Deus, então poderás aceitar o convite de Cristo: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei.” MCP 1, 125.

“No princípio, o homem foi criado à imagem de Deus. Estava em perfeita harmonia com a natureza e com a lei de Deus; os princípios da justiça lhe estavam escritos no coração. O pecado, porém, alienou‑o do Criador. Não mais refletia a imagem divina. O coração estava em guerra com os princípios da lei de Deus. "A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser." Rom. 8:7. Mas "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito", para que o homem pudesse reconciliar‑se com Ele. Mediante os méritos de Cristo, pode aquele se restabelecer à harmonia com o Criador. O coração deve ser renovado pela graça divina; deve receber nova vida de cima. Esta mudança é o novo nascimento, sem o que, diz Jesus, o homem "não pode ver o reino de Deus".

O primeiro passo na reconciliação com Deus, é a convicção de pecado. "Pecado é o quebrantamento da lei." "Pela lei vem o conhecimento do pecado." I João 3:4; Rom. 3:20. A fim de ver sua culpa, o pecador deve provar o caráter próprio pela grande norma divina de justiça. É um espelho que mostra a perfeição de um viver justo, habilitando o pecador a discernir seus defeitos de caráter.

A lei revela ao homem os seus pecados, mas não provê remédio. Ao mesmo tempo que promete vida ao obediente, declara que a morte é o quinhão do transgressor. Unicamente o evangelho de Cristo o pode livrar da condenação ou contaminação do pecado. Deve ele exercer o arrependimento em relação a Deus, cuja lei transgrediu, e fé em Cristo, seu sacrifício expiatório. Obtém assim "remissão dos pecados passados", e se torna participante da natureza divina. É filho de Deus, tendo recebido o espírito de adoção, pelo qual clama: "Aba, Pai!"” GC, 467

Deus chama todo homem ao arrependimento, todavia o homem não pode sequer arrepender‑se, a não ser que o Espírito Santo lhe toque ao coração. O Senhor não quer, todavia, que homem algum espere até que julgue haver‑se arrependido para então se dirigir a Jesus. O Salvador está de contínuo atraindo os homens ao arrependimento; só o que eles precisam é submeter‑se ou deixar‑se atrair, e o coração se lhes derreterá em contrição. CPPE, 366 O primeiro passo rumo da salvação é corresponder à atração do amor de Cristo. Deus envia aos homens mensagem após mensagem, instando com eles para que se arrependam, (se convençam de que são pecadores, transgressores da lei de Deus) a fim de que os possa perdoar, escrevendo "perdão" junto de seus nomes.

Não haverá arrependimento? Ficarão sem ser atendidos os Seus apelos? Deverão ser passadas por alto as Suas propostas de misericórdia, inteiramente rejeitado o Seu amor? Oh! neste caso o homem se excluirá do meio pelo qual pode ele alcançar a vida eterna, pois Deus só perdoa ao penitente! Pela manifestação do Seu amor, pela súplica de Seu Espírito, Ele convida o homem ao arrependimento; pois o arrependimento é dom de Deus, e aquele a quem Ele perdoa, primeiro faz penitente. A mais doce alegria sobrevém ao homem mediante seu sincero arrependimento para com Deus, pela transgressão de Sua lei, e mediante a fé em Cristo como Redentor e Advogado do pecador. ME 323, 324

 

3 – O arrependimento

O arrependimento compreende tristeza pelo pecado e afastamento do mesmo. Não renunciaremos ao pecado enquanto não reconhecermos a sua malignidade; enquanto dele não nos afastarmos sinceramente, não haverá em nós uma mudança real da vida.

Muitos há que não compreendem a verdadeira natureza do arrependimento. Multidões de pessoas se entristecem pelos seus pecados, efetuando mesmo exteriormente uma reforma, porque receiam que seu mau procedimento lhes traga sofrimentos. Mas não é este o arrependimento segundo o sentido que lhe dá a Bíblia. Lamentam antes os sofrimentos, do que o próprio pecado...

Quando, porém, o coração cede à influência do Espírito de Deus, a consciência é despertada, e o pecador discerne alguma coisa da profundeza e santidade da lei de Deus, base de Seu governo no Céu e na Terra. A "luz verdadeira, que alumia a todo homem que vem ao mundo" (João 1:9), ilumina também os secretos escaninhos da alma, e as coisas ocultas das trevas se põem a descoberto. A convicção se apodera do espírito e da alma. O pecador tem então uma intuição da justiça de Jeová e experimenta horror ante a idéia de aparecer, em sua própria culpa e impureza, perante o Perscrutador dos corações. Vê o amor de Deus, a beleza da santidade, a exaltação da pureza; anseia por ser purificado e reintegrado na comunhão do Céu.

A oração de Davi, depois de sua queda, ilustra a natureza da verdadeira tristeza pelo pecado. Seu arrependimento foi sincero e profundo. Não fez nenhum empenho por atenuar a culpa; nenhum desejo de escapar ao juízo que o ameaçava lhe inspirou a oração. Reconheceu a enormidade de sua transgressão; viu a contaminação de sua alma; aborreceu o pecado. Não suplicava unicamente o perdão, mas também um coração puro. Anelava a alegria da santidade ‑ ser reintegrado na harmonia e comunhão com Deus. Era esta a linguagem de sua alma:

"Bem‑aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto.

Bem‑aventurado o homem a quem o Senhor não imputa maldade, e em cujo espírito não há engano." Sal. 32:1 e 2.

"Tem misericórdia de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade;

Apaga as minhas transgressões, segundo a multidão das Tuas misericórdias.

Porque eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.

Purifica‑me com hissopo, e ficarei puro; lava‑me, e ficarei mais alvo do que a neve.

Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova em mim um espírito reto.

Não me lances fora da Tua presença e não retires de mim o Teu Espírito Santo.

Torna a dar‑me a alegria da Tua salvação e sustém‑me com um espírito voluntário.

Livra‑me dos crimes de sangue, ó Deus, Deus da minha salvação,

E a minha língua louvará altamente a Tua justiça." Sal. 51:1, 3, 7, 10‑12 e 14. CC 23-25

Os que não humilharam ainda a alma perante Deus, reconhecendo sua culpa, não cumpriram ainda a primeira condição de aceitabilidade. Se não experimentamos ainda aquele arrependimento do qual não há arrepender‑se, e não confessamos os nossos pecados, com verdadeira humilhação de alma e contrição de espírito, aborrecendo nossa iniqüidade, nunca procuramos verdadeiramente o perdão dos pecados; e se nunca buscamos a paz de Deus, nunca a encontramos. A única razão por que não temos a remissão dos pecados passados, é não estarmos dispostos a humilhar o coração e cumprir as condições apresentadas pela Palavra da verdade. Acerca deste assunto são‑nos dadas explícitas instruções. A confissão de pecados, quer pública quer privada, deve ser de coração, expressa francamente. Não deve ser obtida do pecador à força de insistência. Não deve ser feita de maneira negligente ou folgazã, nem extorquida dos que não reconhecem o abominável caráter do pecado. A confissão que é o desafogo do íntimo da alma, achará o caminho ao Deus de infinita piedade. Diz o salmista: "Perto está o Senhor dos que têm o coração quebrantado e salva os contritos de espírito." Sal. 34:18.

A confissão verdadeira tem sempre caráter específico e faz distinção de pecados. Estes podem ser de natureza que devam ser apresentados a Deus unicamente; podem ser faltas que devam ser confessadas a pessoas que por elas foram ofendidas; ou podem ser de caráter público, devendo então ser confessados com a mesma publicidade. Toda confissão, porém, deve ser definida e sem rodeios, reconhecendo justamente os pecados dos quais sois culpados.CC 37, 38

A confissão não será aceitável a Deus sem o sincero arrependimento e reforma. E preciso que haja decisivas mudanças na vida; tudo que seja ofensivo a Deus tem de ser renunciado. Este será o resultado da genuína tristeza pelo pecado. A obra que nos cumpre fazer de nossa parte, é‑nos apresentada claramente: "Lavai‑vos, purificai‑vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos Meus olhos e cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; praticai o que é reto; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas." Isa. 1:16 e 17. "Restituindo esse ímpio o penhor, pagando o furtado, andando nos estatutos da vida e não praticando iniqüidade, certamente viverá, não morrerá." Ezeq. 33:15. Paulo diz, falando da obra do arrependimento: "Quanto cuidado não produziu isso mesmo em vós que, segundo Deus, fostes contristados! Que apologia, que indignação, que temor, que saudades, que zelo, que vingança! Em tudo mostrastes estar puros neste negócio." II Cor. 7:11. CC, 39

Os exemplos que a Palavra de Deus nos apresenta de genuíno arrependimento e humilhação revelam um espírito de confissão em que não há escusa do pecado, nem tentativa de justificação própria. Paulo não procurava desculpar‑se; pintava seus pecados nas cores mais negras, não procurando atenuar sua culpa. Diz ele: "Encerrei muitos dos santos nas prisões; e, quando os matavam, eu dava o meu voto contra eles. E, castigando‑os muitas vezes por todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar. E, enfurecido demasiadamente contra eles, até nas cidades estranhas os persegui." Atos 26:10 e 11. Não hesita em declarar que "Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal". I Tim. 1:15.

O coração humilde e contrito, rendido pelo arrependimento genuíno, apreciará algo do amor de Deus e do preço do Calvário; e, como um filho confessa sua transgressão a um amante pai, assim trará o verdadeiro penitente todos os seus pecados perante Deus. E está escrito: "Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." I João 1:9. CC, 41

Arrependimento como esse, está além de nossas forças realizar; só é obtido por meio de Cristo, que subiu ao alto e deu dons aos homens.CC, 25

Como obtemos este arrependimento?

Exatamente aqui está o ponto em que muitos erram, sendo por isso privados de receber o auxílio que Cristo lhes desejava conceder. Pensam que não podem chegar a Cristo sem primeiro arrepender‑se e que é o arrependimento que os prepara para o perdão de seus pecados. É certo que o arrependimento precede o perdão dos pecados, pois unicamente o coração quebrantado e contrito é que sente a necessidade de um Salvador. Mas terá o pecador de esperar até que se tenha arrependido, antes de poder chegar‑se a Jesus? Deve fazer‑se do arrependimento um obstáculo entre o pecador e o Salvador?

A Bíblia não ensina que o pecador tenha de arrepender‑se antes de poder aceitar o convite de Cristo: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei." Mat. 11:28. É a virtude que emana de Cristo, que conduz ao genuíno arrependimento. Pedro elucidou este ponto em sua declaração aos israelitas, dizendo: "Deus, com a Sua destra, O elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados." Atos 5:31. Assim como não podemos alcançar perdão sem Cristo, também não podemos arrepender‑nos sem que o Espírito de Cristo nos desperte a consciência. CC 26

Jesus disse: "Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim." João 12:32. Cristo tem de revelar‑Se ao pecador como o Salvador morto pelos pecados do mundo; e, ao contemplarmos o Cordeiro de Deus sobre a cruz do Calvário, começa a desdobrar‑se ao nosso espírito o mistério da redenção, e a bondade de Deus nos leva ao arrependimento.CC 26, 27

“Vós, que suspirais por alguma coisa melhor do que as que este mundo oferece, reconhecei nesse anelo a voz de Deus à vossa alma. Pedi‑Lhe que vos dê arrependimento, que vos revele a Cristo em Seu infinito amor, Sua perfeita pureza. Na vida do Salvador exemplificaram‑se perfeitamente os princípios da lei de Deus ‑ amor a Deus e ao homem. Benevolência, amor abnegado, eram a vida de Sua alma. É quando O contemplamos, quando a luz de nosso Salvador incide sobre nós, que vemos a pecaminosidade de nosso coração.” CC, 28

Pela manifestação do Seu amor, pela súplica de Seu Espírito, Ele convida o homem ao arrependimento; pois o arrependimento é dom de Deus, e aquele a quem Ele perdoa, primeiro faz penitente. A mais doce alegria sobrevém ao homem mediante seu sincero arrependimento para com Deus, pela transgressão de Sua lei, e mediante a fé em Cristo como Redentor e Advogado do pecador. É para que os homens compreendam a alegria do perdão e da paz de Deus, que Cristo os atrai mediante a manifestação de Seu amor. ME 1, 324

Como haveis de saber que estais aceitos por Deus? Estudai com oração Sua Palavra. Não a deixeis de lado por nenhum outro livro. Esse Livro convence do pecado. Revela plenamente o caminho da salvação. Apresenta alta e gloriosa recompensa. Revela‑vos um Salvador completo e ensina‑vos que unicamente mediante Sua ilimitada misericórdia podeis esperar a salvação.

Não negligencieis a oração particular, pois é a alma da religião. Com sincera e fervorosa oração, rogai pureza de alma. Suplicai tão ardente e fervorosamente, como o faríeis por vossa existência mortal, caso ela estivesse em jogo. Permanecei perante Deus até que inexprimíveis anseios sejam em vós gerados quanto à vossa salvação, e seja obtida a doce certeza do perdão dos pecados.

A esperança da vida eterna não deve ser recebida sobre frágeis fundamentos. É um assunto que deve ser assentado entre Deus e a vossa alma ‑ assentado para a eternidade. Uma suposta esperança, e nada mais, demonstrar‑se‑á a vossa ruína. Uma vez que tendes de subsistir ou cair pela Palavra de Deus, a essa Palavra é que deveis olhar em busca de testemunho em vosso caso. Aí podeis ver o que de vós é exigido para vos tornardes cristãos. Não dispais vossa armadura, nem abandoneis o campo de batalha enquanto não obtiverdes a vitória, triunfantes em vosso Redentor. MJ 268 Ele quer restaurar no homem Sua imagem moral. À medida que dEle vos aproximardes, em arrependimento e confissão, Ele Se aproximará de vós, com misericórdia e perdão. CC, 55

Perdão e justificação são uma só e a mesma coisa. Pela fé, o crente passa da posição de rebelde, de filho do pecado e de Satanás, para a posição de súdito leal de Cristo Jesus, não por causa de alguma bondade inerente, mas porque Cristo o recebe como Seu filho, por adoção. O pecador obtém o perdão de seus pecados, porque esses pecados são carregados por seu Substituto e Penhor. O Senhor fala a Seu Pai celestial, dizendo: "Este é Meu filho. Eu o absolvo da condenação da morte, dando‑lhe Minha apólice de seguro de vida ‑ a vida eterna ‑ porque tomei o seu lugar e sofri por seus pecados. Ele é mesmo Meu filho amado." Assim o homem, perdoado e revestido das belas vestes da justiça de Cristo, se encontra irrepreensível diante de Deus.” FO, 103

A fé que justifica sempre produz primeiro verdadeiro arrependimento, e então boas obras, as quais constituem o fruto dessa fé.” ME 3, 195 O pecador é justificado por Deus quando se arrepende de seus pecados. Ele vê a Jesus sobre a cruz do Calvário. Por que todo esse sofrimento? A lei de Jeová foi violada. A lei do governo de Deus no Céu e na Terra foi transgredida, e é declarado que a penalidade do pecado é a morte.

Mas "Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna." João 3:16. Oh! que amor, que incomparável amor! Cristo, o Filho de Deus, morrendo pelo homem culpado!

O pecador discerne a espiritualidade da lei de Deus e suas obrigações eternas. Ele vê o amor de Deus em prover um substituto e fiador para o homem culpado, e esse substituto é Alguém igual a Deus. Esta manifestação de graça na dádiva da salvação ao mundo enche o pecador de admiração. Este amor de Deus ao homem derruba toda barreira. Ele se aproxima da cruz, que foi colocada a meio caminho, entre a divindade e a humanidade, e se arrepende de seus pecados de transgressão, porque Cristo o está atraindo para Si. Não espera que a lei o purifique do pecado, pois não há nenhuma virtude perdoadora na lei para salvar os transgressores da lei. Ele olha para o Sacrifício expiatório como sua única esperança, por meio de arrependimento para com Deus ‑ porque foram violadas as leis de Seu governo ‑ e de fé em nosso Senhor Jesus Cristo como Aquele que pode salvar e purificar o pecador de toda transgressão.ME, 193, 194 No momento em que é exercida verdadeira fé nos méritos do custoso sacrifício expiatório, reivindicando a Cristo como Salvador pessoal, nesse próprio momento o pecador é justificado diante de Deus, porque está perdoado.” ME 3, 195

A fé é a condição sob a qual Deus houve por bem prometer perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer‑se dos méritos de Cristo, o remédio provido para o pecado. A fé pode apresentar a perfeita obediência de Cristo em lugar da transgressão e rebeldia do pecador. Quando o pecador crê que Cristo é seu Salvador pessoal, então, de acordo com as Suas promessas infalíveis, Deus lhe perdoa o pecado e o justifica livremente. A alma arrependida reconhece que sua justificação vem porque Cristo, como seu substituto e penhor, morreu por ele, e é sua expiação e justiça.” ME 1, 366, 367

Qual é a  evidência de que houve o genuíno arrependimento para a salvação?

Não há evidência de genuíno arrependimento, a menos que se opere a reforma. Restituindo o penhor, devolvendo aquilo que roubara, confessando os pecados e amando a Deus e ao próximo, pode o pecador estar certo de que passou da morte para a vida. CC, 59  Importa não só dizer "creio" mas também praticar a verdade. É pela nossa conformidade com a vontade divina em nossas palavras, atos e caráter, que provamos nossa comunhão com Ele. Quando quer que alguém renuncie o pecado, que é a transgressão da lei, sua vida é posta em harmonia com essa lei, caracterizando‑se por perfeita obediência à mesma. Esta é a obra do Espírito Santo. Ev. 309

Não há prova de genuíno arrependimento a menos que ele opere reforma na vida. Se restitui o penhor, devolve o que tinha roubado, confessa os pecados, e ama a Deus e seus semelhantes, pode o pecador estar certo de que encontrou paz com Deus. GC 462, 463

Amor para com Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela humanidade caída trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Foi esse o poder que Lhe regeu a vida. Esse é o princípio que nos manda adotar. DTN 329, 330

Quando, como seres pecaminosos e sujeitos ao erro, chegamos a Cristo e nos tornamos participantes de Sua graça perdoadora, surge o amor em nosso coração. Todo peso se torna leve; pois é suave o jugo que Cristo impõe. O dever torna‑se deleite, o sacrifício prazer. O caminho que dantes parecia envolto em trevas, torna‑se iluminado pelos raios do Sol da Justiça. CC, 59

O jugo é um instrumento de serviço. O gado é posto ao jugo para trabalhar, e o jugo é essencial ao seu trabalho eficiente. Por essa ilustração, Cristo nos ensina que somos chamados ao serviço enquanto a vida durar. Temos de tomar sobre nós o Seu jugo, a fim de sermos coobreiros Seus.

O jugo que liga ao serviço, é a lei de Deus.  A grande lei de amor revelada no Éden, proclamada no Sinai, e, no novo concerto, escrita no coração, é o que liga o obreiro humano à vontade de Deus. Se fôssemos entregues a nossas próprias inclinações, para ir justo aonde nos levasse nossa vontade, iríamos cair nas fileiras de Satanás, e tornar‑nos possuidores de seus atributos. Portanto, Deus nos restringe à Sua vontade, que é elevada, nobre e enobrecedora. Deseja que empreendamos paciente e sabiamente os deveres do serviço. Esse jugo do serviço, levou‑o o próprio Cristo na humanidade. Disse Ele: "Deleito‑Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração." Sal. 40:8. "Eu desci do Céu, não para fazer a Minha vontade, mas a vontade dAquele que Me enviou." João 6:38. Amor para com Deus, zelo pela Sua glória, e amor pela humanidade caída trouxeram Jesus à Terra para sofrer e morrer. Foi esse o poder que Lhe regeu a vida. Esse é o princípio que nos manda adotar. DTN 329, 330

Daremos seguimento a este tema em materiais subseqüentes.

Que a graça de Cristo Jesus esteja contigo. - Jairo F. Carvalho.

 

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