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A Profecia dos Sete Reis Uma interpretação contemporânea!
Parte II
CAPÍTULO - 4
Argumentos Fragilizantes
às Teorias Historicistas (Metálicas):
4.1. Base Comum às Teorias Metálicas
Procuraremos agora apresentar alguns dos porquês de não possuirmos grande
convicção de que as teorias com base metálica estejam corretas. Não vemos a
necessidade de analisarmos todas as variações existentes, já que basta ir
direto à base, que como já vimos, é comum entre todas elas: os quatro
impérios descritos em Daniel 2 seriam quatro dos “reis” de Apoc. 17.
Nosso objetivo não é formar um campo de batalha em relação às teorias
historicistas, como se estivéssemos numa competição.
Procuraremos apenas levantar algumas dificuldades que, ao nosso ver, têm
essas interpretações com base metálica. Esperamos assim estar abrindo a
possibilidade de rediscuti-las, o que pode ajudar até mesmo a fortalecê-las,
pois se elas não estão incorretas, no mínimo, estão mal explicadas. Os
livros de interpretação do apocalipse trazem sempre muito pouca informação
sobre os Sete Reis.
Embora nos pareça quase impossível, não descartamos a hipótese de haver
dupla interpretação de Apoc. 17 (“historicista - contemporânea”)
Pensamos ser difícil que os sete reis realmente sejam os impérios, nações e
reinos já citados, não só pelas razões que apresentaremos a seguir, mas
principalmente pelo motivo que vamos expor mais adiante, onde analisaremos
qual, ao nosso ver, é a verdadeira natureza dos sete reis. A hipótese
contemporânea, quando explicada, talvez seja o maior “fragilizante” da
teoria historicista convencional (metálica).
4.2. As Sete Cabeças Estão “NA” Besta
A besta de Apocalipse 17 não aparece apenas neste capítulo da Bíblia. O
capítulo 13, do versículo 1 ao 10, fala do mesmo animal (lembramos que de
Apoc. 13:11 em diante é descrita a segunda besta, diferente da primeira, que
são os EUA e que não nos interessa no momento). Nossa intenção não é refazer
a análise de Apocalipse 13.
Se o leitor é realmente um adventista do sétimo dia, deve estar cansado de
saber que a primeira besta refere-se ao poder papal.
Besta semelhante, também aparece em Daniel 7, onde é o quarto animal,
representando o império romano. Este capítulo repete a mesma sucessão de
impérios de Daniel 2, a diferença é que, ao invés de metais, os impérios
agora são representados por animais - leão, urso, leopardo e a besta -
respectivamente: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. Nossa intenção não é
nos aprofundarmos no estudo de Daniel.
Partimos do pressuposto que o leitor, adventista como é, já tenha
conhecimento dessas profecias.
Nossa intenção ao citar, além de Apocalipse 17, outras duas profecias que
falam da besta (Apoc. 13 e Dan. 7), é de relembrar ao leitor duas idéias já
bastante conhecidas:
1º) A besta representa o poder papal derivado do império romano;
2º) A besta apareceu depois de Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia.
De posse então das informações acima (besta = poder papal derivado do
império romano, e besta = surgiu somente depois de Babilônia, Medo-Pérsia e
Grécia), encontramos um primeiro motivo para buscarmos interpretação diversa
das metálicas. Por quê? As teorias metálicas dizem que, das sete cabeças da
besta (que são os sete reis), três delas são: Babilônia, Medo-Pérsia e
Grécia e as outras quatro variam como já explicamos. Ora, como é possível um
animal ter cabeças se ainda não existe? Como é possível Babilônia,
Medo-Pérsia e Grécia serem cabeças da besta sendo que a própria besta não
existia quando do aparecimento destes reinos?!? As cabeças e a besta
coexistem entre si, formando um único ser. As cabeças estão NA besta,
não fora dela.Ou seja, as cabeças só poderiam vir a existir se a besta
existisse.
Mas, a Besta surgiu apenas com o fim destes impérios, mostrando que eles não
poderiam ser cabeças da Besta, já que esta se formou com sua dissolução.
Esses reinos, sim, servem de base para a formação histórica da Besta (Apoc.
13:2), mas não são suas cabeças.
Continuando: as sete cabeças encontram-se NA besta, ou seja, fazem
parte de um tempo em que a besta existe, posterior à Babilônia, Medo-Pérsia
e Grécia. Esmiuçando a idéia:
- Babilônia é um animal (leão), derrotada por...
- ...Medo-Pérsia, outro animal (urso), derrotada por...
- ...Grécia, outro animal (leopardo), derrotada por...
- ...Roma, outro animal ( besta).
Como, agora, os primeiros três animais poderiam virar cabeças do quarto
animal, que os derrotou, aniquilou? Repetimos, estes reinos são a base de
formação da besta (império romano), como lembra Apoc. 13, mas não as
cabeças.
Vejamos, por exemplo, outro caso de “algo que está NA besta”, só que
agora em Daniel 7.
É aceito por escatólogos adventistas, e confirmado pelo Comentário Bíblico
Adventista que os dez chifres que estão NA besta, em Daniel 7, são as
dez nações bárbaras que invadiram a Europa e liquidaram com o império
romano. É obvio: as dez nações bárbaras (dez chifres) existem no mesmo
período histórico do império romano (besta), por isso a profecia diz que os
dez chifres estão NA besta.
Dizer, portanto, que algumas cabeças da besta de Apocalipse 17 são
Babilônia, Medo-Pérsia e Grécia, seria semelhante a dizer que os dez chifres
da besta de Daniel 7 seriam, ao invés das dez tribos (nações) bárbaras,
reinos, como por exemplo, o Egito, a Síria e a Fenícia, que são reinos
historicamente anteriores ao império romano.
Frisando: se as sete cabeças estão na besta, elas só poderiam existir depois
que esta aparecesse, pois estão nela. Se a besta não existir, logo, não
existem as cabeças, porque, pela lógica, não podem existir cabeças sem haver
um corpo.
4.3. A Sede Geográfica dos Sete Reis
Vamos supor que as teorias historicistas estivessem corretas, e que
realmente quatro, dos sete reis, fossem os quatro impérios de Daniel 2. Como
iríamos ficar com relação à localização geográfica da sede desses poderes? O
irmão pode perguntar: “O que isto importa?” Ocorre que o poder (Besta)
descrito em Apocalipse 17 tem sua sede definida. E se as cabeças (reis)
fazem parte da Besta, e essa tem uma sede, logo, as cabeças (reis) tem que
estar sediadas no mesmo local, pois a Besta e as cabeças formam um todo, um
único animal.
Cremos que Deus, na Sua infinita bondade, nos deixou bem claro qual é a sede
da besta com sete cabeças, pois as sete cabeças, além de serem os sete reis,
também são sete montes (no apêndice número “1” voltaremos a falar dos
montes), nos quais a prostituta (vs. 3 e 4) está assentada (versículo 9). Só
essas passagens já seriam suficientes para localizarmos a sede deste poder
na cidade Roma, pois a mulher prostituta está assentada, ou seja, têm sua
sede, sobre um local formado por sete montes. E é sabido, através de todas
as enciclopédias e livros de história, que Roma é a cidade dos sete montes.
Seus nomes são: “Captalina, Palatina, Esquilina, Aventina, Viminal, Quiminal
e Cele”.
Mas nosso Deus ainda quis deixar mais clara a localização.
No versículo 18 diz: “a mulher é a grande
cidade”. Façamos algumas correlações:
Nisto, a maioria dos estudiosos concordam:
- que a sede do poder representado no Apocalipse 17 é Roma;
- que a Igreja Católica Romana se enquadra perfeitamente na profecia, pois é
a “mãe” do adultério bíblico mundial;
- e que ela tem sua sede no Estado do Vaticano que está encravado em Roma.
- o Espírito de Profecia confirma:
“A mulher, Babilônia, de Apoc. 17, é descrita como“vestida de púrpura e
escarlata e adornada com ouro e pedras preciosas... e sobre sua testa estava
escrito um nome, Mistério, Babilônia a grande, a mãe das prostitutas...”
Babilônia está declarada como sendo “a grande cidade, a qual reina sobre os
reis da terra.” O poder que por tantos anos se manteve impondo e
influenciando os monarcas do cristianismo é Roma.”
(Ellen G. White Volume 6 The Later Elmshaven Years 1905-1915, page 327,
paragraph 1)
Ora, se a sede do poder da besta de Apoc. 17 é
Roma, conseqüentemente, suas cabeças, que são os reis, têm a mesma
localização geográfica. Assim, se a sede do poder dos sete reis é Roma, o
que o Egito, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, França, Estados Unidos, têm a
ver com as sete cabeças? A maioria absoluta das pessoas sabe que os livros
de história nunca colocaram a cidade de Roma como a sede destes reinos.
Com isso, se tem mais um argumento que, ao nosso ver, dificulta (não podemos
“fechar questão”) a interpretação da linha historicista (teoria metálica).
4.4. Sete Reis, Quatro Impérios?
Relembrando: as teorias de base metálica dizem que as sete cabeças da besta,
que são os sete reis, são assim divididas:
- quatro cabeças: são os grandes quatro impérios da história (Babilônia,
Medo-Pérsia, Grécia e Roma), de acordo com Daniel 2. Eles não aparecem
obrigatoriamente como as primeiras quatro cabeças (reis), mas são os únicos
reinos que se encontram em todas essas teorias;
- e as outras três: como vimos, variam entre Egito, Assíria, Roma Papal,
Roma Papal Ferida, Roma Papal Curada, França, Estados Unidos, Protestantismo
e até o Espiritismo.
Aqui vão outras dificuldades...
1ª) Na estátua de Daniel 2, que dá a base para as teorias historicistas,
Deus nos mostra que existiriam apenas e tão somente, quatro grandes reinos
mundiais, dignos de ser contados profeticamente.
Se os outros reinos (Egito, Assíria, França, EUA, etc.) tivessem que figurar
lado a lado com os reinos de Daniel 2, deveriam haver mais metais na estátua
e não apenas quatro.
2ª) Se os quatro primeiros reis simbolizam quatro grandes impérios mundiais,
os outros três reis teriam obrigatoriamente que simbolizar também três
grandes impérios mundiais. Por quê? Apocalipse 17 não diferencia os reis em
sua natureza. Os sete reis são idênticos, a profecia não diz que são quatro
reis e três “mais ou menos” reis, nem que são quatro reis e três príncipes,
mas sim, que são sete reis. Portanto, devem simbolizar sete “coisas”, ou
sete “pessoas”, ou sete “objetos”, mas sempre semelhantes em sua natureza.
Vejamos, novamente, o caso dos dez chifres de Daniel 7, os estudiosos e o
próprio Comentário Bíblico Adventista concordam que estes dez chifres
representam dez tribos (nações) bárbaras européias.
Assim, não podemos dizer que os sete reis de apocalipse 17 seriam: quatro
impérios + um poder religioso ferido + dois países + etc. Dizer isto, seria
o mesmo que falar que os dez chifres de Daniel 7 são quatro tribos bárbaras
européias + um poder religioso + duas nações africanas + etc.
3ª) Mesmo que contássemos os “sete reis”, não como impérios, mas como reinos
ou poderes, inserir “Roma papal ferida” como um deles nos parece ilógico,
pois este é um período de tempo caracterizado justamente pela cessação de
poder.
4.5. Outra Fonte Inspirada
A fonte que embasa mais uma argumentação contrária às “teorias metálicas” é,
embora não bíblica, inspirada pelo mesmo Poder Redator do Cânon Sagrado. Ou
seja, usaremos o Espírito de Profecia, que cremos, foi dirigido pelo mesmo
Espírito que inspirou a Bíblia: o Espírito Santo de Deus.
“O Espírito Santo é o autor das Escrituras e do Espírito de Profecia”.
Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol.
III, pág. 30
Para tanto, pesquisamos, via Internet, no “site” oficial dos escritos de
Ellen G. White (http://www.egwestate.andrews.edu/), e descobrimos que em
nenhum momento a “serva do Senhor” relaciona Apocalipse 17 com os reinos da
antigüidade (Egito, Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia, etc.), nem mesmo cita
tais reinos quando trata de Apocalipse 17. Se o Espírito de Profecia
relaciona algo com Apocalipse 17, este algo é, sem dúvida, a Igreja Romana,
o papado. Não queremos dizer com isso que a Irmã White feche questão sobre o
simbolismo de Apocalipse 17, mas é no mínimo curioso ela não citar os reinos
da antigüidade e, por outro lado, relacionar várias vezes este capítulo com
o poder papal. Se, portanto, existir algum lado que o Espírito de Profecia
pareça pender, não é o da linha historicista (metálica).
Para que não haja dúvida, fizemos questão de incluir no apêndice (número
“2”) deste material, a pesquisa feita via Internet, no “site” oficial da
Universidade de Andrews (adventista), onde se pode encontrar TODOS OS TEXTOS
do Espírito de Profecia que falam de Apocalipse 17. Vejamos alguns dos mais
interessantes:
“No capítulo 17 do Apocalipse é profetizado a destruição de todas as
igrejas que se corromperam pela adoração idolátrica ao serviço do Papado,
aqueles que têm bebido o vinho da ira da sua fornicação”. [Apoc. 17:14].
ASSIM É REPRESENTADO O PODER PAPAL...(Ellen G.
White, Carta 232, 1899.)
“A mulher (Babilônia) de Apocalipse 17, é descrita como estando “vestida
de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e
pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da
imundícia; ... e na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande
Babilônia, a mãe das prostituições”. Diz o profeta: “Vi que a mulher estava
embriagada do sangue dos santos, e do sangue das testemunhas de Jesus.”
Declara ainda ser Babilônia “a grande cidade que reina sobre os reis da
Terra”. Apoc. 17:4-6 e 18. O poder que por tantos séculos manteve despótico
domínio sobre os monarcas da cristandade, é Roma. A cor púrpura e escarlata,
o ouro, as pérolas e pedras preciosas, pintam ao vivo a magnificência e
extraordinária pompa ostentadas pela altiva Sé de Roma. E de nenhuma outra
potência se poderia, com tanto acerto, declarar que está “embriagada do
sangue dos santos”, como daquela igreja que tão cruelmente tem perseguido os
seguidores de Cristo. Babilônia é também acusada do pecado de relação
ilícita com “os reis da Terra”. Foi pelo afastamento do Senhor e aliança com
os gentios que a igreja judaica se tornou prostituta; e Roma, corrompendo-se
de modo semelhante ao procurar o apoio dos poderes do mundo, recebe
condenação idêntica.”
Ellen G. White, O Grande Conflito, pág. 382.
“Em Apocalipse 17, Babilônia é representada por uma mulher, uma figura
que é utilizada nas escrituras como o símbolo de uma igreja. Uma virtuosa
mulher representa uma igreja pura, uma mulher adúltera, uma igreja apóstata.
A Babilônia que a descrição representa é Roma, aquela igreja apóstata qual
tem tão cruelmente perseguido os seguidores de Cristo.”
Ellen G. White, “The Spirit of Prophecy”, Vol. 4, Pg. 233, parágrafo 1.
Relembramos que não temos a pretensão de que os argumentos acima
apresentados sejam infalíveis e as interpretações metálicas não tenham
chances de estarem corretas. Nossa intenção é, repetimos, mostrar que essas
teorias carecem de, no mínimo, mais explicações.
CAPÍTULO - 5
A Teoria Contemporânea:
5.1. “Era, Não É, e Será”
Agora entraremos na explicação da Teoria Contemporânea propriamente dita,
que ao nosso ver, parece ser a que melhor encaixa na profecia.
Como já citamos, nosso foco central serão os versículos de 8 a 11, que
tratam justamente dos “oito reis”. Relembrando: os vs. de 1-6 relatam a
visão e os de 7-18 dão a interpretação. O versículo 7 é uma introdução à
interpretação e o versículo 8 já é o início dela.
Comecemos, então, pela primeira frase do versículo 8: “a besta que viste,
era e não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição...”.
O versículo 8 tem início com o enigmático “a besta que viste era e não é,
está para emergir...” (para facilitar usaremos as mesmas palavras do
Comentário Bíblico Adventista - a Besta “era, não é, e será”).Ao nosso ver,
é fundamental para a compreensão de Apocalipse 17 entendermos bem essa
relação da Besta com o verbo “ser” em seus diferentes tempos verbais. A
priori, soam misteriosos, mas são facilmente compreensíveis. Concordamos
neste ponto com a maioria da literatura adventista apocalíptica, para a
qual, é praticamente unânime que estas expressões do verbo “ser” (Besta era,
não é, e será) tratam do tempo em que o papado tinha supremacia (poder de
perseguir), perdeu- a e irá recuperá-la.
Por quê concordamos?
1º) A besta de Apocalipse 17 é reconhecidamente um símbolo do papado.
2º) Em toda a história do papado encontramos apenas um período que
encaixa-se claramente na expressão “era, não e será”. No ano de 538 d.C. ,
através de um decreto de Justiniano, imperador romano, o papado ganhou poder
político estatal, cumprindo a profecia para o surgimento da besta (outro
fato que confirma o nascimento do papado é a derrota dos ostrogodos, também
em 538 d.C., cumprindo a profecia de Daniel 7 - mais detalhes ler - “Uma
Nova Era Segundo as Profecias de Daniel” de C. M. Maxwell, Casa Publicadora
Brasileira).
A partir de então (538 d.C.), a besta “era” perseguidora, poderosa, tanto,
que calcula-se na casa de 100 milhões, o número de mortos pela “Santa
Igreja” Católica Apostólica Romana nesta época (mais que as duas grandes
guerras mundiais juntas), devido, principal-mente, às “Santas Cruzadas” e à
“Santa Inquisição”.
Seguramente a besta era poderosa. Com o passar dos anos, seu poder
perseguidor foi declinando e, em 1798, cumprindo a profecia dos 1260 anos
(Apoc. 12), o general Alexander Bertier, a mando de Napoleão Bonaparte,
aprisiona o papa (Pio VI) e acaba oficialmente com o “status quo” papal,
perdendo ele o poder que detinha.
A partir de 1798 inicia-se, então, o período chamado “não é”, onde o papa
não tem a supremacia e nem o poder de perseguir que o caracterizaram até
então. Ao nosso ver, a besta não “voltou a ser” em 1929 quando do Tratado de
Latrão (voltaremos a este assunto mais tarde). Para a besta “voltar a ser”
tem que recuperar o poder de perseguir, de “levar em cativeiro”, coisa que,
nem em 1929, nem atualmente, podemos observar como já tendo acontecido. Mas
isso, nós, adventistas do sétimo dia, sabemos que acontecerá no futuro.
3º) O Espírito de Profecia traz basicamente a mesma idéia:
“Os 1.260 anos da supremacia papal co- meçaram em 538 de nossa era e
terminariam, portanto, em 1798. Nessa ocasião um exército francês entrou em
Roma e tomou prisioneiro o papa, que morreu no exílio. Posto que logo depois
fosse eleito novo papa, a hierarquia papal nunca pôde desde então exercer o
poder que antes possuíra.” (grifo nosso) Ellen G. White, O Grande Conflito,
pág. 266 Versículo 8 - Parte II:
E aqueles que habitam sobre a terra, cujos nomes não foram escritos
no livro da vida desde a fundação do mundo se admirarão vendo a besta que
era e não é, mas aparecerá.”
Esta “parte II” do vers. 8, na verdade é um parênteses, um comentário à
profecia. Com certeza muito importante, mas, por uma questão didática, para
não perdermos a seqüência de raciocínio, achamos melhor analisá-lo no
apêndice (número “3”) deste material.
5.2. Entrelaçando as Profecias
Versículo 9-10: “Aqui está o sentido, que tem sabedoria: as sete cabeças são
sete montes, nos quais a mulher está assentada. São também sete reis...”.
A expressão “sete cabeças” tem duas funções proféticas:
- a primeira, como já citamos, é a de localizar geograficamente a sede do
poder da besta (“são sete montes”);
- a segunda função nos impõe um novo desafio. Além das sete cabeças serem
sete montes, elas também são sete reis. Qual afinal é o desafio? Responder:
QUEM SÃO OS SETE REIS?
Tentaremos elucidar a partir de agora esta questão, que cremos ser o
“coração” deste pequeno estudo. Pedimos ao irmão a máxima concentração,
oração e paciência conosco. Porque, se para nós, entender já foi um desafio,
quanto mais explicar. Mas, com fé na misericórdia e no poder divinos, vamos
a ela.
Primeiramente, para compreensão de quem sejam os sete reis, precisamos
localizar em que tempo da história estão eles inseridos, para depois, então,
determinarmos sua natureza e verificarmos quem realmente eles são. E a
profecia nos dá esta possibilidade? Sem dúvida.
Para tanto, entrelacemos duas profecias de tempo que se encontram em
Apocalipse 17.
Podem elas parecer distintas, mas veremos que estão intimamente ligadas. São
elas:
- “era, não é, e será” (citadas nos versículo 8 duas vezes e no 11, uma
vez);
- e “São também sete reis, dos quais caíram cinco, um existe e outro ainda
não chegou; e, quando chegar, tem de durar pouco.
E a besta, que era e não é, também é ele o oitavo rei, e procede dos sete, e
caminha para a destruição.” (versículos 9, 10 e 11) (Outro ponto importante
é lembrar que a profecia, na verdade, não fala de apenas sete, mas sim de
oito reis. Embora o oitavo não seja uma das cabeças, é um rei vindo na mesma
seqüência, fazendo, portanto, parte do todo.)
Cremos que o irmão verá uma grande harmonia e um encaixe, que podemos chamar
natural, das duas idéias proféticas, que, como dissemos, são a “chave” para
a interpretação dos reis.
Relembremos:
Tudo nos leva a crer, e é quase unanimidade no meio escatológico adventista,
que a expressão “era e não é, será” refere-se aos seguintes períodos
históricos da besta.
Iniciamos o entrelaçamento das profecias pelo seu período final. Perceba: O
oitavo rei, obrigatoriamente, confunde-se com o período “será”. No exato
momento, não antes nem depois, que o oitavo rei surgir inicia-se o período
de tempo “será” e vice-versa, o período “será” começa com o aparecimento do
oitavo rei.
Embasemos...
-O versículo 8, na sua primeira parte, nos diz:
“a besta que viste, era e não é, está para emergir do abismo e caminha para
a destruição”.
-O versículo 11 nos diz:
“e a besta que era e não é, também é ele, o oitavo rei, e procede dos sete,
e caminha para a destruição”.
PRIMEIRO:
TROCA DE EXPRESSÃO
Note, os dois versículos são praticamente idênticos, sendo a primeira
diferença a de que, no momento em que o versículo 8 diz que a besta “está
para emergir” (será), o versículo 11 troca essa expressão por “o oitavo
rei”.
SEGUNDO:
COINCIDEM AS EXPRESSÕES
Além da troca acima citada, existe a coincidência de ex-pressões (que é
própria da ciência escatológica).O versículo 8 diz que a “besta que era e
não é, está para emergir do abismo e caminha para a destruição”. O versículo
também usa exatamente a mesma expressão, “e caminha para a destruição”, só
que agora refere-se ao aparecimento do oitavo rei. Mais um argumento para
afirmarmos que o oitavo rei confunde-se com o período “será”. Interessante citar que o comentário bíblico adventista também confirma esse raciocínio (pág. 869, vol. VII): “É também o oitavo. Esta é a besta quando ressurge no período ‘será’, imediatamente depois da sua saída do ‘abismo’...”(pág.866) “Portanto,quando a besta ‘subir do abismo’, ‘será’, existirá com ‘o oitavo’, literalmente ‘um oitavo’“.
Portanto...
SERÁ = OITAVO REI
VISUALIZANDO
Entendendo que o oitavo rei confunde-se com o período de tempo “será”,
podemos agora localizar o momento de surgimento dos demais reis (sete reis).
Porquê?
Perceba, não há lógica em apenas o oitavo rei ser relacionado a um dos
períodos de existência da besta. O fato da profecia entrelaçar o oitavo rei
ao período de tempo “será”, mostra, nitidamente, que existe ligação dos
outros reis (sete) com os outros períodos de tempo (“era e não é”).
A profecia separa os oito reis em dois blocos bem distintos: os “sete reis”
e o “oitavo”. Se o oitavo rei encaixa-se com o período “será”,
obrigatoriamente os demais (“sete reis”) estão em algum dos períodos
passados: ou no “era”, ou no “não é”, ou nos dois, concomitantemente, ou
mesmo antes deles. Mas como saber qual destes?
A resposta é simples. Ao nosso ver os “sete reis” estão inseridos dentro de
um único período de tempo, o “NÃO É”. Os “sete reis” existem no mesmo
período de tempo em que a besta “não é” poderosa (1798 - ?). Ou seja, teriam
que surgir, em algum momento, de 1798 (início do período “não é”) para
frente. Por quê?
Embasemos...
O versículo 10 diz - “SÃO também sete reis” - o verbo (ser) que se refere
aos reis está, dentro da profecia, no presente do indicativo, coincidindo
desta forma com o período “não é” (verbo ser, também no presente do
indicativo). Os sete reis existem no momento em que a besta “não é”.
Perceba, a profecia não diz que os sete reis “serão”, “emergirão” ou
“caminharão” (colocando-os no futuro) , nem que “eram” ou que “foram”
(colocando-os no passado), mas, sim, repetimos, que “SÃO” (verbo ser no
presente do indicativo), relacionando-os claramente com o tempo em que a
besta “não é” poderosa.
E, pelo que já vimos, quando inicia-se o período “não é”? A partir de 1798.
Assim, os sete reis devem, obrigatoriamente, surgir em algum momento após
esta data, pois somente desta forma estariam dentro do período “não é”.
Se os “sete reis” estão dentro do período de tempo “não é”, sua subdivisão,
“cinco caíram, um existe e o outro não chegou”, teria de ser aí encaixada.
Cremos que os “sete reis” estão dentro do período “não é” (1798 em diante),
não apenas por esses argumentos aqui apresentados.
Além deles, ocorre o fato de que seria impossível o encaixe dos “sete reis”
dentro de outros períodos de tempo. Vejamos...
- Não podem ser encaixados antes do período “era” (538- 1798), pois antes de
538, a própria Besta não existia como tal, e como já vimos, não poderiam
existir os “sete reis”, suas cabeças, sem que exista o animal (besta).
- E não poderíamos fazer o encaixe dos “sete reis” subdividindo-os fora do
período não é? Não poderíamos pensar da seguinte forma: “cinco caíram”
estariam dentro do período “era”; “um existe” estaria dentro do período “não
é”; e assim por diante?
A resposta é simples: não?
Se tentarmos tirá-los (os “sete reis”) de dentro do período “não é” e
reencaixá-los nos outros períodos de tempo da besta, a profecia não
“fecharia”, pois ocorreria o seguinte:
Os “cinco” que “caíram” (verbo no passado) estariam encaixados dentro do
período “era” (verbo no passado) – certo!; “um existe” (verbo no presente)
estaria encaixado dentro do “não é” (verbo no presente)– certo! Até aqui
tudo bem, agora, porém, surge o problema, pois com relação ao “outro”
(sétimo rei) a profecia diz que “ainda não chegou”, “não é vindo”, ou seja,
“virá”, “chegará”, “aparecerá” (futuro - fora do tempo presente da profecia)
devendo assim, obrigatoriamente ser encaixado no período “será”. Porém, como
já vimos (e o próprio Comentário Bíblico Adventista confirma) o período
“será” só se inicia quando surgir o oitavo rei, não o sétimo. Frisando - o
sétimo não pode fazer parte do período de tempo “será”, pois este só tem seu
início quando o oitavo rei aparecer, e por outro lado, também não pode-ria
estar no “era”, nem no “não é”, pois “ainda não chegou” (futuro)
Desta forma não há “lugar profético” para o sétimo rei se tentarmos imaginar
que a subdivisão, “cinco caíram, um existe e o outro não chegou”, se dê fora
do período “não é”. Porém, como já vimos, se colocarmos os “sete reis”
dentro do período “não é”, então a divisão torna-se possível e natural.
Ainda com relação à colocação dos sete reis no período de tempo “não é”, é
importante salientar mais dois pontos bastante simples:
1º) A profecia não determina que os sete reis iniciem seu aparecimento em
1798, mas a partir desta data, pois estão dentro do “não é”, e não,
obrigatoriamente, são eles que caracterizam o início deste período.
2º) Os sete reis estão dentro do período de tempo “não é”.
Porém, não surgem simultaneamente, mas sucessivamente. Em outras palavras,
não surgem juntos, mas em seqüência, um após o outro, dentro do mesmo
período “não é” (depois de 1798).
E qual a base para esta afirmação?
a) o versículo 10 diz que, “cinco caíram, um existe, e outro não chegou”, o
que claramente denota seqüência (analisaremos nos próximos capítulos estas
expressões);
b) neste ponto, do surgimento dos “sete reis” em seqüência, não há nenhuma
discordância entre os escatólogos.
CAPÍTULO - 6
Identificando os Oito
Reis:
6.1. A Natureza dos Reis
Quem, afinal, seriam os reis? Seriam reinos, nações? Ou, quem sabe, pessoas,
governantes individuais?
Pelos motivos que procuramos explicar no capítulo “4”, cremos ser pequena a
possibilidade de os sete reis serem nações ou reinos (Babilônia,
Medo-Pérsia, Grécia, Roma, Roma Papal Ferida, Roma Papal Curada, França,
Egito, Assíria, etc). Ao nosso ver, estes reis seriam pessoas, governantes
individuais. Os sete reis de Apocalipse 17 deveriam ser vistos como
indivíduos singulares, não só pela exclusão daquelas possibilidades (nações
ou formas de governo), como também por alguns detalhes muito importantes,
que fazemos questão de trazer à análise:
1º) Embora a Bíblia em alguns casos use a expressão “rei” para simbolizar
reino, nação. No caso de Apoc. 17 parece o contrário.
Perceba, irmão, que no mesmo capítulo 17, logo no versículo 12, exatamente o
próximo da seqüência dos oitos reis (vs. 8-11), a profecia distingue “reis”
de “reino”.
“E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino,
mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta.”
Embora se tratem de outros reis (10 reis), está bem claro que “rei” é rei,
governante individual; e “reino” é reino, nação, território.
A passagem nos diz que os “10 reis... ainda não receberam reino”. O contexto
sugere que estes reis sejam governantes individuais (reis) que ainda não
assumiram o poder das nações (reinos). Por quê? Porque, se os reis fossem
reinos, ou nações, como poderiam dez reinos ainda não terem recebido reinos?
Ou dez nações ainda não terem recebido nações? Note, se no capítulo 17 de
Apocalipse a expressão “rei” foi referente à nação, reino ou autoridade, por
que haveria, nesse mesmo capítulo, uma passagem que justamente diferencia
rei (governante) de reino (poder, nação)? E se levarmos esta idéia para os
versículos antecedentes (8 a 11), chega-se à conclusão que os sete reis não
são sete reinos (nações), pois, se assim fosse, da mesma forma que fez no
versículo 12, a profecia diria no versículo dez “as sete cabeças são sete
reinos” (nações), mas, pelo contrário, faz questão de dizer “as sete cabeças
são sete reis” (governantes).
2º) Outro argumento importante para determinarmos quem seriam os sete reis é
o tempo e local de seu aparecimento. Se estivermos certos, como vimos no
capítulo anterior, os sete reis só poderiam surgir a partir de 1798 e com
sede em Roma. Se este raciocínio for realmente verdadeiro, como supomos,
ajudar-nos-ia na compreensão de que os sete reis não seriam reinos ou
nações, mas sim, governantes.
Torna-se uma simples questão de lógica, pois, de 1798 para cá é sabido que
não surgiram, em seqüência, sete diferentes nações que tiveram sua sede em
Roma, nem poderiam surgir antes da volta de Jesus, a menos que esta
demorasse mais alguns milênios.
3º) O terceiro argumento é baseado nos já citados textos do Espírito de
Profecia. Estes textos, embora não sejam conclusivos em interpretar os oito
reis como governantes individuais, da mesma forma, não dizem que o capítulo
17 fala de reinos ou nações. Como já vimos, o único ponto claro é o fato
destes textos relacionarem várias vezes Apocalipse 17 ao poder papal.
Assim, nos parece o mais lógico, entender os sete reis como sete pessoas,
governantes individuais. E quais seriam as características desses
governantes? Se o irmão está atento, já percebeu quais são elas, pois,
dentro dos raciocínios até aqui desenvolvidos, elas já foram citadas.
Relembremos algumas:
1º) Seriam governantes individuais;
2º) Sua sede seria em Roma;
3º) Só poderiam surgir depois de 1798;
4º) Seriam ligados ao poder religioso que é a “mãe” do adultério bíblico
(Igreja Católica Apostólica Romana);
5º) Estão inseridos dentro de Apocalipse 17, que, segundo o Espírito de
Profecia, representa o poder papal.
Ao nosso ver, não existem outras pessoas no “universo” que se encaixem em
todas essas características senão os líderes máximos da Igreja Católica
Apostólica Romana, portanto: OS SETE REIS SÓ PODERIAM SER SETE PAPAS.
6.2. Identificando os Papas
Se os sete reis são sete papas, que papas seriam? É possível nomeá-los? Nos
parece que sim, e é o que procuraremos fazer a partir de agora.
Primeiramente, devemos lembrar que estes papas (que são os reis) só poderiam
surgir após 1798, pois, como já vimos os sete reis estão dentro do período
de tempo “não é”, que inicia-se nessa data.
Como já citamos, não, obrigatoriamente, em 1798, mas desta data para frente,
pois estão dentro do período “não é”, e não necessariamente no seu início.
De 1798, com Pio VI, até hoje, incluindo João Paulo II, somam-se “quinze”
pontífices, e agora, como saber quais destes “quinze” seriam os “sete reis”
da profecia? Estariam os sete reis entre esses “quinze” ou no futuro? Qual
seria a base de tempo para começarmos a contagem?
Algumas pessoas usam a idéia de que se deveria contar os sete papas (“sete
reis”) a partir de 1929, data em que o Vaticano voltou a ser um Estado
papal. Como veremos, esta data (1929), também nos parece correta, mas
discordamos totalmente dos argumentos usados para chegar-se a ela.
Infelizmente, algumas pessoas, no afã de encaixar os sete reis como os sete
últimos papas, vão formulando idéias que até acabam por coincidirem com a
realidade (por exemplo, essa data de 1929 para o início da contagem), mas
não trazem uma análise profunda, um estudo mais sério, e assim, as
informações ficam sem base bíblica sólida. Acontece então, que acabam por
“queimar” uma teoria que pode realmente estar correta. É uma pena, mas, como
dissemos, isso tem acontecido. Vejamos o caso desta data (1929). Embora, ao
nosso ver a data esteja correta para o início da contagem, só dizer, como
fazem estas pessoas, que os sete papas (reis) seriam contados a partir de
1929 porque é quando se dá a “cura da ferida” é totalmente incorreto. Tanto,
que este raciocínio foi um dos motivos para confecção de dois bons artigos
na, já citada, Revista Adventista de julho e agosto de 1999.
Vejamos então o porquê desta falha:
1º) Mesmo que os sete reis devessem ser contados com o início “da cura da
ferida”, isso não serviria de base para se afirmar que a data de contagem
iniciar-se-ia a partir de 1929. Por quê? Porque a “ferida” começou seu
processo de cura, não somente em 1929 (assinatura do Tratado de Latrão),
mas, logo após ela ter sido feita, já com Pio VII, papa que sucedeu ao que
fora desterrado em 1798, Pio VI (se o irmão quiser ainda mais informações do
porquê da “cura da ferida” não ter ocorrido em 1929, lembramos que as
Revistas Adventistas já citadas, trazem explicações mais detalhadas sobre
isso). Ademais, a ferida só será totalmente curada quando o papado recuperar
o poder que tinha, pois “cura” supõe volta ao estado anterior.
2º) Não poderíamos usar como base para a contagem dos sete reis o início da
cura da ferida (independentemente da data) pela simples razão que estaríamos
“forçando” a profecia. Por quê? Aqueles que defendem esta postura, dizem que
os sete papas (reis) viriam depois deste início, mas sem explicar porque
relacionam o início da “cura da ferida” com esses papas. E por que não
explicam? Ao nosso ver, simplesmente porque não existe em Apocalipse 17 nada
que, claramente, diga ou sugira que os sete reis surgiriam a partir de
quando a ferida começasse a ser curada. Porém, repetimos: concordamos que os
sete papas (reis) devem começar a ser contados a partir de 1929, mas por
outros motivos, que cremos serem mais coerentes.
Então, como é possível identificar quais seriam os sete papas, que
encaixar-se-iam na interpretação profética? Ao nosso ver, o argumento mais
sólido para elucidarmos esta questão é ao mesmo tempo o mais simples e óbvio
(os nossos cílios estão tão próximos aos olhos que não os percebemos). Vamos
lá...
Comecemos com a seguinte pergunta: o que estamos procurando? Identificar os
sete reis de Apocalipse 17, que seriam sete papas, que surgiriam em alguma
data dentro do período “não é”, depois de 1798; procuramos sete papas que
seriam sete REIS. Aqui está o “X” da questão.
Estamos procurando PAPAS que seriam REIS. Portanto, precisamos saber o que
é um Rei, quais seriam as características para afirmarmos que alguém é rei.
Vejamos...
1º) Existir uma pessoa que governe, o rei;
2º) Existir um povo que se submete ao mandatário;
3º) Existir um Estado soberano, delimitado territorialmente.
4º) Existir um “trono”, uma sede de seu poder.
Note que antes de 1798, os papas reuniam estas condições, mas com o desterro
papal ocorrido a partir de então, o papa deixou de ser o rei que era, perdeu
seu trono, basílica de São Pedro e a função, que antes exercia, de “Chefe de
Estado”.
É sabido que a partir de 1800, com Pio VII, a Igreja Católica já começou a
renovar suas forças e, um papa após o outro, assinaram acordos e tratados
com vários Chefes de Estado da época, inclusive retomando alguns de seus
territórios. Mas faltava algo para que verdadeiramente o papa pudesse voltar
a ser “rei”. Faltava-lhe o “trono”, a sede do poder. Então, ocorre o
inesperado: em 11 de fevereiro de 1929, o então Primeiro-Ministro italiano
Benito Mussolini e o papa Pio XI assinam o famoso “Tratado de Latrão”. É
criado o Estado do Vaticano, com 44 hectares, dentro da cidade de Roma.
Independente e soberano, sendo assim reconhecido pela comunidade
internacional, podendo, a partir de então, organizar-se social, política e,
inclusive, militarmente.
Neste momento, repetimos, somente neste momento, o papa volta a ser rei.
(Pedimos agora ao irmão o máximo de atenção, pois começaremos a mostrar
algumas das coincidências que irão permear este livro. Comece a reparar como
parece que a realidade está ao lado da interpretação exposta neste
trabalho.)
Antes do Tratado de Latrão, em 1929, os próprios católicos - romanos diziam
ser o papa um “vassalo” (pág. 179 do livro que citaremos a seguir), era
necessário que lhe fosse restituído o trono, o Vaticano, para que voltasse a
ser REI. Dentro da pesquisa que fizemos, encontramos a biografia de Pio XI
(papa que assinou o Tratado de Latrão). Nela notamos alguns trechos
impressionantes, que demonstram o caráter “soberano” que passou a ter o papa
a partir deste Tratado, confirmando a idéia: PAPA VOLTA SER REI – 1929
(Dos textos abaixo, apenas os que estão em negrito são nossos
comentários.)
Textos do livro católico-romano: “Pio XI”, autor: Renato Fontenelli, editora
Vozes – 1941 (págs. 179-195)
“Era preciso, dado caráter supra-nacional da Santa Sé, que o Papa, na
qualidade de chefe visível da Igreja e de Pai universal dos fiéis, não
fosse, nem parecesse subordinado a nenhuma potência ...
(Note, embora o papa pudesse até ter recebido alguns territórios, antes de
recuperar a sede de seu poder, era tido como subordinado às outras nações.)
Esta restauração do poder temporal passará a história sobre o nome de
tratado político de Latrão.
Assim, a Santa Sé recobra, aos olhos do mundo, com a sua independência, o
principado civil necessário a seu magistério universal.
O novo Estado Pontifício, compreendendo a basílica e a praça de São Pedro, o
palácio, os museus, a Biblioteca, os jardins e todas dependências do
Vaticano, forma uma inserção de quarenta e quatro hectares, onde o Papa
exerce doravante não apenas os direitos de um proprietário (quando antes
possuía nada mais que o usufruto) (comentário do próprio autor católico),
mas a prerrogativas de um soberano, com tudo que lhe serve de expressão
(grifo nosso): governo autônomo, poder legislativo, executivo e
judiciário, legação ativa e passiva, polícia, estado civil, bandeira, moeda,
serviços públicos, selos do correio...
Não é fora de propósito que a igreja deverá viver longamente de um reino
como este, no qual se haverá elaborado o parto de um mundo novo.”
Uma curiosidade
- O referido livro usa uma expressão interessante quando refere-se a um dos
momentos em que Pio XI comemorava o Tratado de Latrão. Note quantos termos o
autor católico acaba usando, sem saber, e que descrevem o cumprimento de
profecias. “... e do alto do Vaticano, curvando sobre a Sete Colinas, o Vigário de Cristo poderia, em verdade, responder...”
Assim sendo, com a argumentação bíblica já apresentada e a comprovação
histórica agora relembrada, podemos contar os sete papas como sete reis a
partir de 1929, com Pio XI sendo o primeiro rei.
Uma comprovação ainda mais clara deste raciocínio (papa = rei somente depois
de 1929) é o título que os papas mantêm desde então. Além do famoso, entre
nós adventistas, “Vicarivs Filii Dei”, que nos ajuda a entender a profecia
do número da besta (666 - Apoc. 13:18), devemos estar atentos a outro título
que todo papa recebe, a partir de 1929, quando assume o pontificado, e que
também encaixa-se, de forma extremamente coincidente com o Apocalipse, só
que agora com o capítulo 17. Perceba com atenção:
Em 1929,o papa ganhou oficialmente o título de:
“SOBERANO DO ESTADO DA CIDADE DO VATICANO”
(volta a ser rei!)
Encontramos essa informação no “site” oficial da arquidiocese do Rio de
Janeiro (www.arquidiocese.org.br/papa.htm).
Porém, aí nos é dito, apenas, que o papa tem esse título (não é colocada a
data que ele o recebeu). E essa data seria para nós muito importante, pois
se conseguíssemos a confirmação oficial de que este título, “Soberano do
Estado da Cidade do Vaticano”, fora dado no exato ano de 1929 (Tratado de
Latrão),ficaria como que comprovada nossa tese de que o papa volta a ser REI
a partir de 1929, pois se admite oficialmente como ”soberano”, como REI.
Assim, ousados ou não, recorremos ao próprio Vaticano para confirmarmos a
partir de quando o papa ostenta esse título. Então, através do seu “site”
oficial:
(http://www.vatican.va/), conseguimos (via “e-mail”) contactar as pessoas
responsáveis e tiramos essa dúvida .
Aqui vai a íntegra da pergunta feita por um dos irmãos que nos ajudou na
pesquisa, Alexandre J. Freitas (entrou várias vezes em contato com Roma), e
da resposta do Vaticano. (Logicamente não podíamos entrar em detalhes do
porquê do pedido. Porém, pensamos ter agido dentro dos princípios da
verdade, pois realmente somos “estudantes de um trabalho com conteúdo
histórico”):
“Sou estudante do Brasil e estou participando de um trabalho de conteúdo
histórico onde necessito saber o ano em que o Papa recebeu o título de
“Soberano do Estado do Vaticano” (Teria alguma relação com o tratado de
Latrão?). Penso que esta informação é de fácil consulta para a Sra. Por
favor, me retorne pois estou necessitando desta informação para concluir o
trabalho. Despeço-me agradecido,
Alexandre J. Freitas”
Resposta enviada pelo próprio Vaticano na pessoa responsável da - Sra. Enza
Derme:
“O Estado italiano reconheceu ao Papa o título de Soberano do Estado do
Vaticano no ano 1929 com o tratado de Latrão. Atenciosamente Enza Derme”
Assim, ao nosso ver, confirma-se...
É sabido que, desde 1929 até hoje, nada mudou com relação a este “reinado”
no Vaticano, portanto, todo papa que sobe ao “trono” torna-se mais um “rei”
da profecia bíblica.
Se Pio XI, que assinou o tratado, foi o primeiro, conseqüentemente os seus
sucessores seriam os demais “reis” da profecia.
Mas quais seriam estes papas? Quantos já se passaram desde então? Vejamos...
Então o papa atual, João Paulo II, é o sexto rei? Ao que tudo indica, sim. Mas qual é a importância disto? E depois dele, o que a profecia fala que irá acontecer? É o que procuraremos analisar nas páginas que seguem.
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