MENSAGENS FINAIS |
O Dízimo e o Seu Uso na Corporação Adventista
Capítulo III - Como a Corporação Usa os Dízimos? |
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Neste capítulo veremos como são utilizados os dízimos remetidos pelas igrejas às Associações. Será que são utilizados somente para o pagamento de pastores, obreiros e missionários? Por que a maioria das igrejas remete um valor de dízimos bem superior ao salário do pastor e, mesmo assim, é obrigada a "dividi-lo" com as outras igrejas do distrito? O objetivo deste capítulo é desvendar boa parte deste mistério. Tradição de Homens“Assim, pois, irmãos, estai firmes e conservai as tradições que vos foram ensinadas, seja por palavra, seja por epístola nossa.” II Tessalonicenses 2:15. Concordamos que as boas tradições devem ser conservadas, mas não podemos concordar com as tradições que, parecendo boas, são contrárias à Palavra de Deus. As notas falsas mais perigosas são aquelas que mais se assemelham às verdadeiras. Da mesma forma, as piores tradições são aquelas que parecem ser boas, mas que ferem princípios elementares da Lei de Deus. Satanás é perito em desenvolver este tipo de contrafação. Ele é astuto e age na igreja de maneira sutil estabelecendo regras aparentemente boas, mas contrárias ao que Deus estabeleceu. Desta forma o inimigo consegue atrapalhar a principal missão da Igreja: A salvação de almas. Cristo combateu fortemente as tradições aparentemente boas. Disse, certa ocasião, aos escribas e fariseus: “Em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens”. - S. Marcos. 7:7 e 8. Em seguida Cristo citou um exemplo, aplicável àquela época: “Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá. Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor, não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe, invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.” S. Marcos 7:9-12. Aqui vai uma rápida explicação desta tradição desenvolvida pelos fariseus: Os pais são dignos de receber o carinho e a assistência financeira dos filhos sempre que necessário. O quinto mandamento da Lei de Deus lhes garante este direito à assistência por parte dos filhos. No entanto, os fariseus tinham a tradição de oferecer como oferta ao Senhor (Corbã) o que deveria ser usado para a assistência de seus pais. Através de tradições inventadas por homens, invalidavam a Lei de Deus retirando a assistência a que seus pais tinham direito. Os adventistas combatem fortemente as tradições contrárias à Lei de Deus, no entanto, muitos deles não apenas toleram como também cultivam este tipo de tradição quando o assunto é dízimo. De acordo com a Bíblia e Espírito de Profecia o dízimo deve ser destinado à manutenção da pregação do evangelho que hoje está sendo feita essencialmente através da igreja local. No entanto, a maior parte dos dízimos enviados para a Corporação não volta para a Igreja Local na forma de investimentos em evangelismo ou benefícios para os membros. Uma parcela significativa destes recursos é repassada para as instâncias superiores da corporação (Uniões, Divisões e Associação Geral), a outra parte é gasta na própria Associação/Missão com a manutenção do sistema administrativo de modo que nada ou quase nada retorna como benefício para a igreja local. Desta forma os homens estão invalidando a Palavra de Deus, substituindo-a por regras e tradições de homens. Infelizmente hoje o dízimo não mais beneficia o ministério evangelístico realizado pela igreja local. As ofertas voluntárias são a única fonte de mantimento para a Casa de Deus, pois os dízimos acabam tendo um destino diferente. O dízimo deveria ser usado para o pagamento de obreiros com dedicação integral para a pregação do evangelho no campo. No entanto, os líderes da corporação adventista elaboraram algumas regras que impedem que isto aconteça. Uma análise dos regulamentos administrativos da IASD sobre a aplicação dos dízimos demonstrará que a Associação/Missão é beneficiada com os dízimos, mas a igreja local em geral fica desamparada. Veja um exemplo de tradição moderna: Se a Associação precisar de um computador é permitido usar o dízimo para adquiri-lo; no entanto, se a Igreja precisar de um computador não se deve usar o dízimo para este fim, pois a compra de um computador para a igreja local não é considerada uma despesa com “Ministério Evangélico”. Isto é só um exemplo. Poderíamos fazer uma longa lista de tradições. As despesas com água, luz, telefone e zeladoria das Associações, Missões, Uniões, Divisões e Associação Geral são pagas com o dízimo proveniente das igrejas. A manutenção física dos prédios das Associações, Uniões, Divisões e Associação Geral é feita com o dízimo. Enquanto várias despesas administrativas das Associações são pagas com o dízimo, não é permitido usar o dízimo para pagar as contas de água, luz e zeladoria da igreja. Se alguém usar o dízimo para o benefício da igreja local e isto se tornar público, esta pessoa será acusada de estar "roubando a Deus" e indo contra a unidade administrativa da Igreja. Imagine que o aparelho de ar condicionado da sala do presidente da União apresente um defeito. As despesas relacionadas ao conserto deste equipamento serão cobertas com fundos do dízimo, mas se você usar o dízimo para comprar Bíblias para os interessados de sua classe batismal vai estar indo contra estas regras estabelecidas pelos administradores da Corporação Adventista. Absurdos desta natureza ocorrem porque estas regras relacionadas com a aplicação do dízimo foram inventadas por homens. Não foi Deus o autor destas regras. Neste momento você pode estar se perguntando: Mas esta não é a igreja de Deus? Deus não está no comando deste povo? Como Deus permite que tais coisas aconteçam em Sua amada igreja? Neste ponto é importante lembrar que nem todas as pessoas vinculadas oficialmente com a Corporação Adventista fazem parte do verdadeiro povo de Deus. Há trigo misturado com o joio. Ademais, a existência de tais regras dentro da Corporação Adventista não deveria nos assustar, pois no passado tudo isso já aconteceu. Há importantes lições que apenas a história ensina. Paulo aconselha que estudemos o passado para compreendermos o presente: “Ora, tudo isto lhes acontecia como exemplo, e foi escrito para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos”. - I Coríntios 10:11. Note o que Ellen G. White disse a respeito de regras injustas inventadas pela Associação no passado: “No centro da obra, estão as questões sendo amoldadas de tal maneira que todas as instituições estão seguindo o mesmo rumo. E a própria Associação Geral se está corrompendo com sentimentos e princípios errôneos. . . . Foi-me mostrado que a nação judaica não foi levada repentinamente à sua condição de pensamentos e práticas. De geração em geração forjavam falsas teorias, seguiam princípios opostos à verdade e combinavam com sua religião, pensamentos e planos que eram o produto de espíritos humanos. As invenções humanas tornaram-se supremas... Planos contrários à verdade e à justiça são introduzidos de maneira sutil, sob a alegação de que isto deve ser feito, ‘porque é para o avanço da causa de Deus’. Mas são as invenções dos homens que levam à opressão, injustiça e impiedade. A causa de Deus está livre de toda mancha de injustiça. Não pode ela obter vantagem roubando aos membros da família de Deus sua individualidade ou seus direitos.” - Ellen G. White - Testemunho para Ministros, pág. 359. Embora o contexto original deste trecho esteja relacionado com a obra de publicações, percebemos que os mesmos “princípios errôneos” e as “invenções humanas” estão presentes hoje na administração dos dízimos. Note também que esta não é uma advertência restrita a um determinado setor da obra. É uma repreensão abrangente: “todas as instituições estão seguindo o mesmo rumo”, diz Ellen White. A Mensageira do Senhor acusa os líderes da Associação de estar "roubando aos membros da família de Deus". Esta expressão é bastante forte, mas é verdadeira. Roubar significa tirar de alguém aquilo que é seu direito possuir. Neste sentido hoje a igreja está sendo roubada não apenas financeiramente, mas espiritualmente, quando é privada do seu direito de assistência pastoral. Os dízimos que deveriam beneficiar a comunidade através de projetos missionários e obreiros evangélicos acabam sendo utilizados para outros fins. O ser humano tem uma tendência muito forte de aceitar e apoiar regras feitas pelos homens. Uns aprendem a fazer coisas erradas, outros aprendem a aceitar as coisas erradas e, como aprendemos as mesmas coisas desde que nascemos, acreditamos que isto é o correto, pois sempre foi assim e, desta forma, há pouca disposição para mudanças. Estamos tão habituados a colocar estas regras em prática que quando nossos olhos são abertos para a verdade temos dificuldades em abandoná-las. Esta dificuldade é intensificada quando estas regras humanas nos são apresentadas pelos seus autores como sendo a própria vontade de Deus. "Ensinai o povo, disse [Jesus], a guardar todas as coisas que vos tenho mandado. Os discípulos deviam ensinar o que Cristo ensinara. O que Ele falara, não só em pessoa, mas através de todos os profetas e mestres do Antigo Testamento, aí se inclui. É excluído o ensino humano. Não há lugar para a tradição, para as teorias e conclusões dos homens, nem para a legislação da igreja. Nenhuma das leis ordenadas por autoridade eclesiástica se acha incluída nesta comissão" - Ellen G. White - Evangelismo, pág. 15. Estas tradições devem ser imediatamente removidas do nosso meio. O dízimo deve voltar a ser utilizado para o evangelismo, para a salvação de almas, para a obra que Jesus nos confiou. No livro Obreiros Evangélicos, Ellen White faz uma grave admoestação aos que usam o dízimo para outros fins: "É-me ordenado dizer-lhes que estão cometendo um erro em aplicar os dízimos a vários fins, os quais, embora bons em si mesmos, não são aquilo em que o Senhor disse que o dízimo deve ser aplicado. Os que assim o empregam, estão-se afastando do plano de Deus. Ele os julgará por estas coisas". - Ellen G. White - Obreiros Evangélicos, págs. 225 e 226. Cada um de nós prestará contas de forma individual no juízo. Administradores que aplicam o dízimo onde não deve ser aplicado haverão de prestar contas com Deus por suas ações. Mas não prestarão contas sozinhos. Haverão de prestar contas juntamente com aqueles que, de forma omissa e conivente, permitiram que isto acontecesse, apoiando o erro e não admoestando. Almas estão deixando de conhecer a verdade por conta de desvios legalizados pelos administradores e tolerados pelos membros. "Satanás se esforça constantemente por atrair a atenção para o homem, em lugar de Deus. Induz o povo a olhar para bispos, pastores, professores de teologia, como seus guias, em vez de examinarem as Escrituras a fim de, por si mesmos, aprenderem seu dever. Então, dominando o espírito destes dirigentes, pode influenciar as multidões a seu bel-prazer." - O Grande Conflito, pág. 601. O volume de dízimo arrecadado na Igreja Adventista é muito grande. Imagine quantas almas seriam salvas se este dinheiro fosse investido na pregação direta do evangelho. Mas infelizmente o dízimo remetido às Associações acaba desaparecendo e nós veremos como isso acontece. Como a organização consegue gastar tanto dinheiro? Todos concordamos que tendo muito dinheiro não é difícil encontrar formas rápidas de gastá-lo. Quantos Funcionários Tem a Organização?A estrutura administrativa da Igreja Adventista no mundo tem hoje seis níveis hierárquicos: As igrejas são lideradas pelos anciãos, os distritos são administrados pelos pastores, os pastores são comandados pelas Associações, as Associações são lideradas pelas Uniões, as Uniões são lideradas pelas Divisões e, finalmente, as Divisões são lideradas pela Associação Geral. Apenas o primeiro nível hierárquico (a Igreja Local) não é beneficiado diretamente com o dízimo. Os demais níveis empregam várias pessoas pagas com o dízimo - que não estão necessariamente pregando o evangelho no campo. Isto significa que nossos dízimos, ou melhor, os dízimos do Senhor são gastos com pessoas que não estão prestando serviço diretamente à Igreja. Para saber quem realmente prega de forma eficiente, considere a seguinte questão: Os membros recém batizados de sua igreja conheceram a verdade através de voluntários ou de obreiros remunerados com o dízimo que estão pregando no campo? Quantas pessoas foram batizadas ultimamente como fruto direto do trabalho do pastor distrital? A seguinte estatística diz respeito à relação "Funcionários da Corporação por Igreja". Estes números são dados oficiais divulgados pela própria Corporação e podem ser conferidos no site oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Internet:[1] (Dados de 1999)
Dividindo o número de obreiros ativos no mundo (165.882) pelo número de igrejas (46.740) chegaremos no seguinte resultado: 3,55. Isto significa que para cada igreja a Corporação emprega 3,55 funcionários. Para um distrito com seis igrejas, por exemplo, a Corporação tem mais de 21 funcionários! O pastor trabalha para o distrito, mas e os outros 20 funcionários, onde estão? Como estes outros 20 funcionários têm ajudado o distrito a cumprir sua missão evangelística? Eles têm pregado o evangelho? Para quem? Têm feito discípulos? Das pessoas batizadas em sua igreja, quantas foram ganhas através do trabalho destes obreiros? Eles são funcionários de várias empresas da Corporação: hospitais, clínicas, escolas, casas publicadoras, fábrica de alimentos, companhias de seguros, Associações, Missões, Uniões, Divisões e Associação Geral. É verdade que nem todos estes funcionários são pagos com o dízimo. Alguns são pagos com o lucro das empresas da Corporação. E por falar em lucro, a Corporação tem lucro? As clínicas, por exemplo, têm lucro? Quanto é o lucro? Os membros da igreja têm o direito de saber? Para onde vai este lucro? Não temos a pretensão de responder todas estas perguntas, mas a própria alocação de funcionários dentro da Corporação adventista demonstra claramente que a prioridade da Corporação não é a pregação do evangelho. Esta nobre tarefa foi delegada aos obreiros voluntários de cada igreja local. Vamos fazer uma outra análise, agora relacionada com a proporção de pastores dentro do universo de funcionários da Corporação. De acordo com os números apresentados pela estatística acima, para cada 12 funcionários pagos pela Corporação, apenas um é pastor, os outros 11 não estão relacionados diretamente com as atividades missionárias da igreja local. Para chegar a esta conclusão basta dividir o número de obreiros ativos da Corporação pelo número de pastores ativos. Estamos desconsiderando um fato bastante significativo que agravaria a situação: Boa parte desses 13 mil pastores ativos não está nas igrejas, envolvido diretamente com o trabalho missionário. Uma parcela significativa dos pastores ativos trabalha nas associações, missões, uniões, divisões, escolas, colégios, hospitais, clínicas, casas publicadoras. Vamos supor que 70% dos pastores são distritais e estão envolvidos com os projetos evangelísticos das igrejas, então chegaremos a um número de aproximadamente 9,6 mil pastores distritais no mundo e aproximadamente 156,2 mil funcionários corporativos e pastores não distritais. Isto nos leva à seguinte proporção: De cada 16 funcionários da organização, apenas um é pastor distrital. Considerando estes dados infelizmente concluímos que a Corporação Adventista perdeu o foco de missão estabelecido por Cristo, qual seja, a pregação do evangelho. Para chegar a esta conclusão, basta verificar onde os funcionários da Corporação estão atuando e de que forma eles têm beneficiado a igreja local. Por que os administradores da Corporação se preocupam em colocar funcionários nos hospitais, nas escolas, nas casas publicadoras, nas Associações, nas Uniões, nas Divisões, mas não se importam em colocar pastores nas igrejas? O hospital fecha se tirarmos o médico de lá. Sem professor a escola não funciona. E se tirarmos o pastor da igreja, o que acontece? Absolutamente nada! O ancião continua pregando, o diretor do trabalho missionário continua visitando os membros afastados e o instrutor bíblico continua ministrando seus estudos para os interessados. Hoje a igreja sobrevive graças ao esforço dos obreiros voluntários: anciãos, diáconos, líderes de departamento, irmãos missionários e irmãs dedicadas. Seria ótimo se cada igreja tivesse um pastor que dedicasse tempo integral para apoiar a missão evangelística da igreja, desenvolver e liderar projetos missionários, visitar e treinar membros, mas mesmo sem pastor as igrejas estão conseguindo sobreviver e de certa forma algumas conseguem até crescer em número. Como uma organização consegue sobreviver mantendo uma estrutura pesada com seis níveis hierárquicos sendo que só o primeiro nível (igreja local) produz resultados (almas e dinheiro)? Qualquer empresa que insistisse em manter esta estrutura pesada já teria falido. Qual será o segredo da sobrevivência desta estrutura administrativa gigante? Imagine uma empresa que não paga os funcionários mais produtivos, eles trabalham voluntariamente e vão além: fazem questão de pagar e sustentar os administradores da empresa. E mais, se algum funcionário desta empresa precisar de ferramentas para trabalhar, terá de adquiri-las por conta própria, pois seus superiores não as fornecem de graça. Esta empresa investe pouco em treinamento, ou seja, os funcionários devem aprender sozinhos ou com outros funcionários mais experientes. Na abertura de novas filiais, são os funcionários que compram o terreno e pagam as despesas com a construção da filial. Neste caso não é permitido usar o dinheiro “sagrado” que será usado para pagar os superiores; uma doação extra deve ser arrecadada. Quando os funcionários precisam do auxílio financeiro destes superiores, em geral não são atendidos ou, na melhor das hipóteses, recebem um auxílio pequeno e insuficiente. Você já viu este modelo administrativo em algum lugar? Infelizmente dentro da Corporação os membros estão submetidos a este sistema onde as pessoas que mais produzem (obreiros voluntários) trabalham de graça. E vão além, pagam o dízimo aos seus superiores (Associação) e não recebem nada em troca[2]. Se estes obreiros voluntários precisarem de ferramentas de trabalho (projetores, folhetos, livros, Bíblias, material de evangelismo) os superiores não fornecem de graça, mas vendem a preço de mercado ou até mais caro (Compare o preço da literatura adventista com a literatura de outras denominações). Estes trabalhadores não são treinados e quando precisam de recursos para construir ou reformar igrejas têm, na maioria das vezes, sua solicitação negada pelos administradores da Associação/Missão. Para conseguir algum auxílio é necessária muita insistência. Mesmo assim as coisas parecem ir bem, pois estes voluntários trabalham por amor, e Deus tem misericórdia deles. Esta é a tradição dos homens, mas a liderança insiste que este absurdo é orientação de Deus. Abusar da ingenuidade e desconhecimento dos irmãos é um pecado grave, mas mais grave ainda é a blasfêmia ao atribuir este método injusto à orientação divina. O maior absurdo é que boa parte dos irmãos ainda acredita que realmente este é um sistema inspirado. Deus inspirou um modelo administrativo voltado para o evangelismo, mas o que vemos hoje é uma deturpação do modelo original. Na igreja há dois tipos de ministros. O ministro de tempo integral e o ministro de tempo parcial. O ministro de tempo integral é aquele que está presente em todos os cultos, conhece as ovelhas pelo nome, dá estudos bíblicos e faz visitas missionárias. O ministro de tempo integral é mais conhecido como obreiro voluntário (anciãos, líderes de departamento, irmãos e irmãs missionárias). Os ministros de tempo parcial também dão sua parcela de contribuição para as igrejas. Eles são responsáveis pela realização das atividades esporádicas da igreja como batismos, cerimônias de comunhão, apresentação de crianças, casamentos e funerais. Os ministros de tempo parcial também colaboram periodicamente na escala de pregação. Este ministro de tempo parcial é mais conhecido como pastor. (Logicamente esta é a visão da igreja, porque do ponto de vista do pastor, ele está sempre em alguma igreja do distrito; ele trabalha tempo integral, mas não para a sua igreja exclusivamente). Outra diferença entre o ministro de tempo integral (líderes locais) e o ministro de tempo parcial (pastor) é que este último é assalariado. "Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos. E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó. Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava." S. Mateus 21:43-45. O Livro de PraxesO livro de Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da Divisão Sul Americana, mais conhecido como Livro de Praxes, contém os regulamentos que devem ser obedecidos por todas as instituições da Corporação dentro do território da Divisão Sul Americana. Dentre muitos outros tópicos, o Livro de Praxes regulamenta a administração financeira das instituições e especifica regras relacionadas com o dízimo e o seu emprego. Logo na introdução há uma recomendação para os administradores das instituições adventistas: “Este livro de Regulamentos é a voz autorizada da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todo o território da Divisão Sul-Americana, no tocante à organização e administração da obra da Igreja, devendo, portanto ser estritamente observado e cumprido por todas as organizações denominacionais”. Assim como os membros da Igreja devem seguir o Manual da Igreja, os administradores das instituições adventistas devem obedecer ao Livro de Regulamentos que se auto-denomina “a voz autorizada da Igreja Adventista do Sétimo Dia”. Para muito o Livro de Praxes é um livro secreto. Muitas pessoas nunca ouviram falar sobre ele, muitos pastores distritais sequer o tocaram. Eventualmente uma cópia é levada aos concílios pastorais e fica à disposição somente para consulta - assim como a Bíblia na época de Lutero. Os pastores distritais não possuíam o referido livro, muito menos as igrejas. Era um livro apenas para os administradores das instituições da Corporação (Associações/Missões, Uniões e Divisão). A providência divina permitiu que o conteúdo deste livro fosse digitalizado e disponibilizado na Internet na íntegra. É importante ressaltar que até o presente momento, a iniciativa de publicação deste livro não foi da Corporação. Provavelmente algum obreiro vinculado com a Corporação teve acesso a este material e o tornou público. Hoje, qualquer pessoa com um computador que acessa a internet pode consultar o livro de praxes. Mas o que tornava o livro de praxes tão secreto e tão desejável? Dentre muitas informações, o livro de praxes contém as regras de utilização do dízimo adotadas pela Corporação. A maioria dos adventistas, em algum momento da vida, se perguntou a si mesmo: "Por que a igreja arrecada tanto dízimo e recebe tão poucos benefícios?". O livro de praxes responde, pois contém muitas tradições elaboradas pelos administradores da Corporação - tradições que retiram o dízimo da Igreja Local e o aplica em vários fins dentro da extensa estrutura administrativa da Corporação. O DRF - Dízimo Retido na FonteO livro "Conselho Sobre Mordomia" tem uma seção especialmente dedicada ao assunto do dízimo. O primeiro capítulo desta seção chama-se "Uma Prova de Lealdade". Ellen G. White compara a infidelidade na devolução dos dízimos com a infidelidade de Adão e Eva ao comerem do fruto da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. Referindo-se à ordem de Deus para que não comessem da referida árvore, a mensageira do Senhor encerra o terceiro parágrafo com a seguinte frase: "Aí estava a prova de sua gratidão e lealdade a Deus." CM, pág. 65. Assim como a obediência de Adão e Eva era uma prova de gratidão e lealdade, o dízimo também é uma prova de reconhecimento e fidelidade. Deve ser dedicado, com alegria, para a obra de salvação de almas. Outra tradição desenvolvida pelos homens da administração é o DRF: Dízimo Retido na Fonte. Através desta tradição, que agora virou regulamento administrativo da Divisão Sul Americana, todos os obreiros pagos pela organização adventista são obrigados a ter o dízimo descontado na folha de pagamento. Há um tempo atrás este tipo de devolução era opcional. O obreiro simplesmente assinava uma autorização e a organização descontava o dízimo diretamente em sua folha de pagamento. Se não assinasse, o dízimo não era retido, o funcionário poderia devolvê-lo em sua igreja durante culto divino. Isto é coisa do passado. Agora todos os obreiros, por força da regulamentação da DSA, são obrigados a assinar um termo autorizando a retenção do dízimo na folha de pagamento. “V 05 17 S - Dízimo devolvido através das Organizações e Instituições Denominacionais: O dízimo será devolvido pelos obreiros e empregados através das Organizações e Instituições Denominacionais, as quais remeterão às Associações e Missões em cujo território estão localizados, no mesmo dia em que preparam a folha de pagamento.” É por essa razão que o pastor de sua igreja não devolve o dízimo na igreja local. O dízimo dos pastores é devolvido através das Organizações e Instituições Denominacionais, quais sejam, Associações/Missões, escolas, hospitais, casas publicadoras, etc... Não é necessário ter uma percepção muito aguçada para perceber que há algo errado com as praxes (tradições) desenvolvidas pelas "Organizações Superiores". Como o dízimo pode ser uma prova de lealdade, fidelidade e gratidão se o mesmo está sendo obrigatoriamente retido na fonte? Como podem os pastores pregar que os dízimos devem ser entregues na Igreja se eles mesmos não procedem desta forma? Como poderão pregar a "devolução" dos dízimos se eles mesmos não devolvem? (Não se pode devolver algo que não se recebe - é o caso do dízimo retido na fonte). O princípio de liberalidade da lei de Deus foi substituído pela lei dos homens para "facilitar e agilizar o processo de devolução". É esta a razão apresentada para justificar a retenção do dízimo na fonte. Reter o dízimo na fonte é colocar uma cerca de arame farpado em torno da Árvore da Ciência do Bem e do Mal. É forçar a obediência, é obrigar a fidelidade, é transformar o homem em um robô, é automatizar a obediência. Tudo o que Deus não desejou para o ser humano. Preferiu arriscar a vida de Seu Filho único a transformar o homem em uma máquina programada para obedecer e doar. Alugando a Casa Própria Para Si MesmoO capítulo Y do livro de praxes apresenta uma relação de auxílios que os pastores e obreiros têm direito. De acordo com estes regulamentos da DSA o obreiro (pastores e administradores se incluem neste grupo) que tem casa própria pode alugar a sua casa para si mesmo e receber o aluguel da Associação/Missão. Este auxílio é detalhado sob o código Y 20 10 S - "Compensação ao obreiro que reside em uma residência de sua propriedade". O livro de praxes diz o seguinte: "Poderá ser concedida uma compensação ao obreiro que for autorizado a viver em uma residência de sua propriedade". Na praxe anterior (1993) o texto era o seguinte: "Pode-se conceder auxílio de aluguel ao obreiro que possui, compra ou constrói uma casa para sua própria moradia e cujo compromisso de compra e venda ou escritura esteja em seu nome ou no da esposa, na cidade onde exercer sua atividade." De acordo com o parágrafo 3, o valor desta "compensação" deve estar "de acordo com o montante de aluguel autorizado pela Comissão Regional de Aluguéis para residências similares alugadas de terceiros", ou seja, o pastor que mora em sua casa própria recebe da Associação/Missão uma compensação financeira no valor equivalente ao que seria recebido se este imóvel estivesse alugado para terceiros. Além deste benefício, o livro de praxes prevê a concessão de um extra anual equivalente a 50% do auxílio aluguel. Isto está estabelecido no parágrafo 6: "Para ajudar a cobrir as despesas de manutenção e conservação da casa própria, que são de responsabilidade exclusiva do obreiro, ser-lhe-á concedido, a cada 12 meses, um adicional equivalente a 50% do valor da compensação mensal." - Y 20 10 S 6. Além disso, o livro de praxes isenta o obreiro do pagamento das despesas condominiais, taxas de água, esgoto e impostos sobre a propriedade (IPTU), ou seja, pastores e obreiros da associação não pagam condomínio, taxa de água e IPTU, mas a associação reembolsa para eles todas estas despesas: "As despesas normais de condomínio serão reembolsadas ao obreiro. As despesas resultantes de reformas, pinturas ou benfeitorias no imóvel, serão de responsabilidade do obreiro. As taxas de água, esgoto e impostos sobre a propriedade serão reembolsadas naquelas nas regiões, e na mesma proporção, onde a Obra, por exigências das leis do mercado, paga também tais impostos aos donos das outras casas alugadas." Dízimo para a Colportagem e Acampamento de JovensDe acordo com o item V 12 15, parágrafos 5 e 6, do livro de Praxes, é permitido que o dízimo seja aplicado para o fundo de promoção da colportagem e para acampamento de jovens: V 12 15 Propósitos para os quais o dízimo pode ser usado - O dízimo pode ser usado, para: 5. Subsidiar o fundo promocional para os colportores. Considera-se o dízimo como uma fonte de subsídio adequada para cobrir a parte que corresponde às associações/missões no Fundo de Promoção da Colportagem. 6. Subvenções para atividades específicas. O dízimo também pode ser usado para subsidiar programas da associação/missão, tais como acampamentos de jovens e assembléias ou encontros que façam parte do movimento de expansão evangelística da Igreja. Quanto Ganha um Pastor Adventista?O salário e os auxílios dos pastores no Brasil estão determinados no livro de Praxes. Como você considera a possibilidade dos deputados federais determinarem os seus próprios salários? Pois saiba que determinar o próprio salário não é privilégio dos deputados. Os administradores da Corporação Adventista também votaram regras determinando seus próprios salários e uma lista enorme de auxílios. Veja a seguir quanto ganha um pastor adventista em salário e auxílios. Variáveis DeterminantesO salário e auxílios de um pastor adventista dependem de vários fatores: lugar onde vive, quantidade e idade dos filhos, cargo que ocupa na organização, tempo de experiência, qualidade de relacionamento com seus superiores e outras variáveis. Este capítulo tem o objetivo de revelar aos membros da igreja adventista quanto a organização paga para um pastor. Ao final deste capítulo você poderá fazer uma análise de custo/benefício, ou seja, quanto estamos pagando e o que deveríamos estar recebendo e o que estamos recebendo de fato. Salário BaseO salário base de um pastor adventista, também conhecido como “teto”, é um referencial para toda Divisão Sul Americana. Hoje (2002) está fixado em R$ 1.350,00. Um pastor aspirante começa recebendo 69% do teto. No seu segundo ano de trabalho passa para 75% do teto. O salário máximo de um pastor aspirante é 93% do teto. Um pastor ordenado pode ganhar até 100% do teto. Vamos considerar que o salário de um pastor é o teto, ou seja, R$ 1.350,00. De acordo com o livro de praxes, os administradores ganham um pouco mais que o teto. A tabela seguinte mostra os percentuais do teto destes administradores:
A Bíblia não propõe isonomia salarial para os pastores, mas afirma que os presbíteros dedicados que se dedicam de forma incansável em ministrar o evangelho e ensinar a Palavra de Deus devem receber mais. "Devem ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino. Pois a Escritura declara: Não amordaces o boi, quando pisa o grão. E ainda: O trabalhador é digno do seu salário" I Timóteo 5:17 e 18. A Bíblia não especifica que um administrador, presidente de união ou tesoureiro deva ganhar mais simplesmente porque tem um cargo hierarquicamente mais elevado. Por que então os administradores ganham mais do que os pastores distritais? Não são os distritais que se "afadigam na palavra e no ensino" cuidando de 4, 6, 10, 20 igrejas? O livro "Desejado de Todas as Nações" apresenta a história de um administrador que achava que o seu salário deveria ser maior que os outros, afinal de contas ele era mais culto que os seus companheiros e tinha habilidades administrativas que os outros não tinham. "Tinha em elevada estima as próprias aptidões, e considerava seus irmãos como muito inferiores a si, no discernimento e na capacidade". Ellen G. White - O Desejado de Todas as Nações, pág. 686. Leia mais sobre este personagem no capítulo 76 do Desejado de Todas as Nações. Mas na verdade um pastor ou administrador não ganha apenas R$ 1.350,00. Há uma lista considerável de benefícios que mencionaremos a seguir. Os benefícios abaixo são concedidos com mais liberalidade aos pastores administradores, mas os distritais têm, teoricamente, os mesmos direitos. Benefícios MensaisAuxílio de AluguelOs pastores moram em excelentes casas e apartamentos alugados pela Organização. O valor dos aluguéis varia muito dependendo da região. Não é difícil encontrarmos pastores morando em residências cujo aluguel é superior ao teto da obra (R$ 1.350,00). A Organização desconta de cada um deles 10% do salário referente ao aluguel residencial. Como eles recebem um desconto em folha de R$ 135,00 para o item aluguel, e a média de aluguel residencial nas grandes cidades gira em torno de R$ 1.100,00, podemos afirmar que nossos pastores têm um acréscimo em sua renda de, em média, R$ 1.000,00 referente a aluguel residencial. Este benefício está especificado no item Y 20 05 do Livro de Regulamentos Eclesiástico-Administrativos da DSA. (Praxes) Compensação de "IR" Sobre AluguelComo o valor do aluguel vem na folha de pagamento, aparecendo registrado em seu contracheque, isto poderá significar fazer o pastor pagar mais imposto de renda. Caso isto aconteça, o Livro de Praxes da DSA, no item Y 20 12 S obriga os tesoureiros dos Campos e Instituições a reembolsarem aos seus obreiros a diferença do imposto de renda pago a mais por conta do auxílio aluguel. No Brasil, o IR é calculado em função do salário anual através de uma tabela progressiva fornecida pela Receita Federal. O IR pode chegar a 27,5%. Estimamos que o reembolso de IR devido ao auxílio aluguel pode chegar a R$ 200,00. Isso é uma estimativa. Este valor pode ser maior ou menor. Ajuda de QuilometragemOs pastores têm um auxílio chamado “Quilometragem” (item Y 30 20 S do Livro de Praxes). De acordo com o parágrafo 4 deste item, o auxílio de quilometragem tem o objetivo de cobrir os custos de depreciação (desvalorização) do veículo (Y 30 20 S 4 a), “custo do combustível, óleo, pneus e despesas menores de manutenção” (Y 30 20 S 4 b) e “seguro obrigatório” (Y 30 20 S 4 d). A maioria dos Campos paga R$ 350,00 por mês para o pastor se deslocar até a igreja e visitar os membros. Sem dúvida este é um acréscimo importante em seus proventos aumentando-os em R$ 350,00 referente a quilometragem. Há muitas ovelhas no rebanho que não ganham isto por mês. Com este valor e com um carro que faz 10 quilômetros por litro de gasolina, o pastor poderá percorrer mais de 3.500 quilômetros por mês. Seguro de VeículosA corporação adventista reembolsa 100% das despesas de seguro dos automóveis dos pastores. (Praxe Y 30 25 S). Um carro de R$ 20.000 (um grande número de nossos pastores possui automóveis nesta faixa) exigiria um desembolso mensal de aproximadamente R$ 150,00 numa seguradora comum. Nossos pastores não pagam nada. Alguns campos cobram uma parcela simbólica. Em caso de sinistro a franquia é baixíssima. Desta forma podemos afirmar que cada pastor recebe um ganho extra em seus salários de, em média, R$ 150,00 pelo seguro de seu automóvel. Assistência MédicaOs itens Y 20 15 e Y 20 16 do livro de Praxes especificam as possíveis formas de auxílio com Assistência Médica. O obreiro pode ser beneficiado com o reembolso de 75% do tratamento médico, odontológico ou oftalmológico ou com o reembolso de 75% de um plano de assistência médica. Uma família com cinco pessoas pagaria aproximadamente R$ 600,00 por mês por um plano de saúde razoável. O obreiro ou pastor teria 75% de reembolso. Isto gera um ganho extra de, em média, R$ 450,00 referente ao auxílio saúde. Obs: Mesmo optando pelo reembolso do plano de assistência médica, o pastor terá reembolso de 75% sobre os tratamentos médicos e odontológicos que o plano não cobrir. Plano de PrevidênciaA Organização tem seu próprio fundo de previdência (IAJA - Instituto Adventista de Jubilação e Assistência). De acordo com o livro de Praxes (ZZ 30 05 - Art. 48), cada obreiro contribui com 2,5% de seu salário bruto (aproximadamente R$ 30,00) e a patrocinadora (associação/missão) contribui com um valor correspondente a 4,5% do FPE (teto). Ao final da jornada, o pastor aposenta-se pelo INPS e recebe uma complementação chamada “Aposentadoria pela Obra”. Uma pessoa comum, que desejar a mesma cobertura, deverá procurar no mercado um plano de previdência privada. O preço de mercado para quem quiser uma aposentadoria com valor semelhante ao de um pastor custa em média R$ 100,00. Assim, podemos afirmar que nossos pastores têm uma fonte extra de renda indireta que é a diferença entre um plano de previdência comum e o da Obra. Este ganho fica em torno de R$ 70,00 referente auxílio aposentadoria. Ajuda para Aulas de MúsicaOs pastores e familiares que desejarem estudar música terão um auxílio de 50% (Y 20 34). Tendo por base a família acima, suponhamos que dos cinco membros, três estudem música. As mensalidades variam de conservatório para conservatório. No IAE, por exemplo, a média é de R$ 120,00 mensais por aluno. Cada obreiro e seus dependentes pagam apenas a metade: R$ 60,00. Vamos imaginar três alunos de uma mesma família, num local onde a mensalidade musical seja de R$ 100,00 (um pouco mais barata que no IAE). O ganho extra indireto é de R$ 150,00 em média pelo auxílio musical. Ajuda Por FilhosTambém conhecida como “Cota Pais”, o “Salário Família” da corporação é bem mais generoso do que o “salário família” no Brasil. O salário família no Brasil é bem irrisório, algo em torno de R$ 5,00 por filho. Os autônomos não tem este direito. Embora nossos pastores sejam autônomos (seus contratos de trabalho não são regidos pela CLT), o livro de Praxes (item Y 20 45 S) assegura-lhes o direito de receber 13 vezes por ano uma ajuda equivalente entre 4,62 e 6,46% do FPE (teto) dependendo da idade do filho. Para cada filho com menos de 9 anos o pastor recebe R$ 810,81 por ano e para cada filho com mais de 9 anos e menos de 18 anos o pastor recebe R$ 1.133,73 por ano. Assim, um pastor com 3 filhos aumenta sua renda em aproximadamente R$ 243,00 pela “Cota Pais”. IPTU e CondomínioO livro de praxes (item Y 20 10 7) determina que os obreiros e pastores recebam integralmente o reembolso de taxas de condomínio de seus apartamentos e também o reembolso do IPTU. O IPTU é uma taxa anual que corresponde a 1% do valor do imóvel. Considere um imóvel no valor de R$ 75.000,00. O morador deverá pagar um IPTU de R$ 750,00 por ano, ou R$ 62,00 por mês. A taxa de condomínio pode ser estimada em R$ 175,00. Recebendo todos estes auxílios, o pastor terá o seu salário mensal aumentado em R$ 237,00 referente ao auxílio impostos. Bolsas EducacionaisEste é um auxílio extremamente importante e significativo (Y 20 30). Ganham este benefício os filhos até 19 anos ou 26 anos se forem universitários. Se os filhos ainda são pequenos e estudam em uma escola particular secular de ensino médio, o auxílio é de apenas 50%. Se os filhos já forem adolescentes, e quiserem ir para os nossos internatos o auxílio sobe para 75%. Se o filho é universitário e mora com os pais, 75% da matrícula e mensalidades são reembolsadas. Mas, se o filho for universitário e morar em outra cidade, mesmo que estude numa faculdade gratuita federal ou estadual, o pastor ganhará um auxílio em dinheiro igual a 75% do estipêndio da faculdade adventista. Estima-se algo em torno de R$ 700,00. Este é o valor que o filho universitário receberá para bancar seus gastos com república (moradia de estudantes), livros, alimentação e outras despesas. É difícil calcular o ganho extra que este auxílio educação significa para nossos pastores, pois dependerá do número de estudantes que tiver em sua família. Mas vamos imaginar uma situação muito comum. Um pastor tem o filho mais velho em uma Universidade Federal, o segundo filho cursando o segundo grau no IASP e o filho mais novo no primeiro grau. Auxílio para o Filho mais Velho = R$ 700,00 (Auxílio mesmo com Universidade Gratuita) Auxílio para o Segundo Filho = R$ 300,00 (Reembolso de 75% sobre a mensalidade de R$ 400,00) Auxílio para o Filho mais Novo = R$ 150,00 (Reembolso de 50% sobre a mensalidade de R$ 300,00) Total R$ 1.150,00. Na verdade este é um valor aproximado que pode variar de mil a dois mil reais. Vamos considerar R$ 1.150,00 de ganho extra dos auxílio educação. Alguns pastores ganham cursos de Inglês, Informática, mas não vamos considerar estes benefícios aqui. Na simulação acima podemos afirmar que um pastor adventista ganha um bom salário mensal. Vejamos o total:
Auxílios Anuais e EsporádicosSeguro de Vida e contra AcidentesO item Y 25 05 do livro de praxes obriga as instituições denominacionais a fazerem o seguro de vida dos seus pastores, esposas e filhos dependentes contra acidentes de viagem e morte acidental. Em 1998, época em que o livro de praxes foi revisado, os valores deste seguro eram os seguintes: Para obreiros e pastores da Divisão (valor mínimo: US$ 75.000,00 e valor máximo: US$ 150.000,00). Para os demais obreiros que não são da Divisão (valor mínimo: US$ 50.000,00 e valor máximo: US$ 75.000,00). Cônjuge do obreiro (valor mínimo: US$ 15.000,00 e valor máximo: US$ 20.000,00). Filhos dependentes do obreiro (valor mínimo: US$ 5.000,00 e valor máximo: US$ 10.000,00) Despesas OdontológicasDe acordo com o item Y 20 17 S as despesas odontológicas dele e da família estão cobertas, obedecendo aos seguintes critérios: Aparelhos Ortodônticos - 75% de auxílio. Tratamentos Dentários - 50% de auxílio. Auxílios concedidos para, no máximo, sobre R$ 2025,00 de despesas por ano. Outros benefíciosTratamentos em Centros de Vida Saudável e Clínicas - 75% de auxílio (Y2017S). Despesas Oftalmológicas (incluindo Óculos e Lentes de Contato) - 75% de auxílio. (Y 20 16 S) Próteses e Aparelhos Ortopédicos - 75% de auxílio. (Y 20 16 S) Despesas com Livros, Revistas e Equipamentos: 50% de auxílio (Y 20 55 S). Direitos Autorais - Dependendo do tipo de livro pode chegar a 10% do preço (FP 45 10) Mudança de ResidênciaA Corporação Adventista paga todos os custos de mudança quando um pastor é transferido de uma localidade para outra. Veja como funciona: Os obreiros têm direito de transportar 2.725 quilos + 335 quilos por filho. Se sua mudança não alcançar este peso estipulado pela Praxe, o pastor receberá em dinheiro um prêmio de US$ 0,75 por quilo não transportado (item Y 20 29 S 3). Na época da mudança, o pastor tem direito a três diárias completas em um bom hotel no local de origem com toda a família e mais dez diárias em um bom hotel com sua família no local de destino. Se houver um acidente a mobília estará totalmente segurada sem nenhum custo para o pastor. Para despesas incidentais como a quebra ou extravio de qualquer objeto, o pastor recebe 40% do teto mais 4% por filho. Uma família de cinco pessoas receberá exatamente R$ 702,00, mesmo que não quebre ou avarie qualquer peça em sua mudança. Se um pastor mudar-se para o exterior, poderá deixar sua mudança no Brasil e receber US$ 2.00 por quilo que teria direito de levar. (2.725 quilos + 335 quilos por filho). Despesas FúnebresSe, infelizmente, falecer um parente direto (filho, filha, esposa), o pastor terá um auxílio de 75% sobre as despesas fúnebres até um máximo de R$ 3.375,00 (2,5 FPE) (item Y 20 40). Com certeza, este é o único auxílio que ninguém deseja receber! Se falecer um dos pais do pastor ou um dos pais de sua esposa ou ainda um de seus filhos, ele terá direito a um auxílio de 50% das passagens da viagem (ida e volta) para duas pessoas. Este é um auxílio pouco desejável, mas que nenhum de nós teríamos ao trabalhar para uma empresa comum. ConcíliosOs concílios geralmente são realizados em locais turísticos. Um exemplo foi um recente Concílio da Conferência Geral, realizado em um luxuoso hotel na cidade de Foz do Iguaçu. Muito dinheiro é gasto nestas ocasiões, neste caso específico para uma delegação de 400 pessoas. A Revista Adventista de Maio/1999 publicou uma notícia relacionada com o concílio de pastores da Associação Paulista Central. Este concílio foi realizado num hotel fazenda de luxo, na cidade de Atibaia. O mesmo hotel em que estavam hospedados os jogadores do Corinthians. Na referida revista, pastores adventistas posam para uma foto ao lado do jogador Marcelinho Carioca que foi presenteado com um livro do Pr. Bullón. Considerações FinaisOs pastores administradores são os que mais consomem verbas. Viajam muito, geralmente de avião. Hospedam-se sempre nos melhores hotéis. Os tesoureiros são os homens fortes da Organização. Eles têm o poder de decisão, quase que absoluto, no destino das verbas. Alguns auxílios podem ser “negados” ou “vetados” pelo Tesoureiro. Por exemplo: Dificilmente o pastor distrital, na cidade nordestina de “Mata Cachorro”, conseguirá receber aqueles R$ 700,00 para manter um filho numa Universidade Federal em outra cidade. Já um Departamental de União, nunca terá um pedido destes negado. Alguns pastores têm filhos estudando no exterior graças a este auxílio. Pontos fracos deste sistema: 1) Um sistema de remuneração deste tipo abre um enorme espaço para a corrupção. Já que 60% a 75% do salário vem em forma de “auxílios”, a tentação para falsificar relatórios é grande. Basta uma nota de despesa falsa para garantir um aumento extra no salário. Esta situação é agravada pela falta de transparência nas contas das Associações, Uniões e Divisões. Os membros da igreja não têm condições de saber quanto e como o dízimo arrecadado nas igrejas foi gasto pela Organização. As auditorias acontecem de cima para baixo (Veja o próximo subtítulo sobre Auditorias). 2) O desperdício é grande. “Já que grande parte de meu salário vem em forma de aluguel residencial, assistência médica sem limites, vou morar no melhor apartamento que puder, vou muitas vezes ao médico e ao dentista e sempre escolho os melhores. Sempre me hospedarei no melhor hotel que puder”, e assim por diante. "O Senhor pede abnegação em Seu serviço, e essa obrigação cabe aos médicos, assim como aos ministros. Temos perante nós uma obra intensiva, que requer meios, e devemos convocar ao serviço jovens que trabalhem como ministros e médicos, não por amor dos salários mais elevados, mas por causa das grandes necessidades da causa de Deus." Ellen G. White - Carta 330, 1906 - Citada em Mensagens Escolhidas. Vol. II, pág. 199. 3) O ingresso dos novatos - teologandos recém formados - não se baseia numa avaliação íntegra, imparcial e justa. O tráfico de influência é enorme. Os filhos dos pastores com altos cargos na Organização têm seu futuro garantido. Os que não têm “Q.I.” (Quem Indique), sofrerão muito para vencer o nepotismo. 4) Política. O jogo do poder é grande. Um aluno de teologia que se indispuser contra um professor ou diretor do Seminário ficará “queimado”. Na época do "chamado" as suas audácias serão lembradas. O outro lado da moeda: Que professor ou diretor tratará mal um teologandos filho, sobrinho ou neto de um grande poderoso da Divisão Sul Americana? Seria um suicídio denominacional. 5) Mais política: O jogo do poder rateará cargos e comissões entre correligionários amigos, e massacrará os inimigos partidários. Um candidato a presidente de Campo, dará um tapinha nas costas de um distrital que almeja “subir”, prometendo-lhe ascensão, caso tenha sua militância para ajudá-lo a se eleger. (Isto é uma realidade. As Trienais, Quadrienais, Qüinqüenais, são verdadeiros palcos de fantoches. As decisões são combinadas atrás dos bastidores e homologadas pelos delegados-fantoches). 6) Aumentando os benefícios fica muito mais fácil convencer os membros da igreja de que o pastor ganha pouco, apenas R$ 700,00. Claro! Este é o valor líquido que lhe chega às mãos. Mas, a relação de benefícios e auxílios é desconhecida da maioria dos membros contribuintes. 7) Com muitos auxílios e benefícios, mas com pouco dinheiro o pastor fica “amarrado” à corporação. Mesmo se discordar do sistema e fizer planos para sair, ele não consegue fazer o “pé de meia” e acaba comprometido com este sistema que lhe dá uma gama enorme de auxílios. Como a concessão de auxílios vem da administração da Corporação (Associação/Missão), numa questão que envolva interesses dos membros da igreja e dos líderes da Corporação, o pastor sempre apoiará a liderança da Corporação. Como Funcionam as Auditorias?Vimos que o dízimo enviado para a Associação/Missão é utilizado de várias formas. Não sabemos quanto é destinado, de fato, aos níveis hierárquicos superiores, aos colégios, aos pastores distritais, aos pastores administradores, aos funcionários de Associação, à manutenção física dos prédios das Associações, Uniões e Divisões, às despesas operacionais e outras saídas. Quando eu era ancião de uma igreja em São Paulo, um grupo de irmãos solicitou transparência financeira para a Associação na forma de um relatório de entradas e saídas detalhado. Infelizmente não fomos atendidos. Não tivemos acesso a estas informações, mas as evidências comprovam que há algo muito errado. Basta observar a condição das igrejas: Enviam consideráveis remessas mensais e recebem pouca ou quase nenhuma assistência. Como saber se há má fé, corrupção, incompetência administrativa ou simplesmente uma estrutura pouco enxuta e ineficiente? A única forma de saber exatamente o que acontece com o dízimo é fazendo auditorias. O que é auditoria? Auditoria é o método para realizar a constatação da integridade contábil de determinada instituição. O objetivo é validar as demonstrações contábeis a fim de transparecer a realidade econômica e financeira da empresa, para todos os que têm relacionamento com ela: associados, funcionários, governo, acionistas, bancos, etc... Na auditoria é feita uma análise dos relatórios contábeis da organização. Todo dinheiro que entra e todo dinheiro que sai deve ser comprovado através de um documento de valor contábil (notas fiscais, recibos, faturas, etc.) As grandes empresas de capital aberto (que têm ações sendo negociadas nas Bolsas de Valores) contratam empresas externas de auditoria para analisar suas contas e publicar o balanço com o parecer dos auditores. Isto é feito para prestar contas aos acionistas (investidores que colocam dinheiro na instituição e desejam saber como este dinheiro está sendo administrado). Este procedimento é realizado periodicamente por força da legislação e por exigências dos acionistas. Se você desejar investir em uma determinada empresa de capital aberto, você poderá comprar ações e estará se tornando um sócio da empresa e, portanto, terá o direito de auditar suas contas. Você tem o direito de saber exatamente o que está acontecendo com o dinheiro aplicado nesta instituição. Isto é lei. Lei dos homens para evitar fraudes e garantir a confiança em todas as direções. Como membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia você deveria ter o direito de entrar na Associação, pedir um relatório detalhado de todas as entradas e saídas de dízimos e outros fundos. No entanto, na prática, você não tem este direito. Alguns dizem que temos este direito, mas até agora nenhum membro leigo conseguiu ter acesso a relatórios de movimentação financeira detalhados. Seria muito interessante analisar um relatório deste tipo, emitido pelas Uniões. Elas recebem mensalmente milhões e milhões de reais, isto mesmo, vários milhões de reais por mês. Como este dinheiro é gasto? Quantos pastores trabalham na União? Os pastores distritais não são pagos pela União, mas pelas Associações. Os acionistas investem nas empresas e têm o direito de realizar auditorias. Mas você, como membro da igreja, não tem o mesmo direito. Isto é, no mínimo, injusto. Até o injusto mundo corporativo das empresas seculares é mais justo que o nosso sistema de administração eclesiástica injusto. Você deve estar se perguntando: Mas não existem auditorias periódicas em todos os níveis da organização? A resposta é sim. O único problema é que as auditorias realizadas nas Instituições da Corporação Adventista são realizadas no sentido inverso. Em vez do gerador do recurso auditar o receptor, o receptor dos dízimos faz questão de auditar o gerador dos recursos - isso em todos os níveis. O objetivo é constatar que está recebendo tudo o que manda a praxe. Isto significa que a Associação Geral audita as Divisões, cada Divisão audita suas Uniões, cada União audita as Associações/Missões, e estas, por sua vez, auditam os tesoureiros das igrejas e, finalmente, os tesoureiros auditam os membros e preparam um relatório dos não dizimistas para a comissão de nomeações. Isto é um verdadeiro absurdo! Seria equivalente à empresa auditar os acionistas que investem nela. Esta falta de transparência nem sempre é notada pelos membros leigos, mas as conseqüências da falta de transparência são sentidas no momento em que se analisa o tipo de serviço e o tipo de assistência que a Associação/Missão tem dado às igrejas locais. Esta forma de auditar vai contra o bom senso; é um insulto à inteligência de um ser racional. Repito o que já havia afirmado: Os administradores da Corporação Adventista não terão que prestar contas com Deus apenas por apropriarem-se dos recursos devidos à Igreja. Eles responderão também por blasfêmia, pois afirmam que este modelo de administração foi estabelecido por Deus e, pior, há quem acredite que Deus está por trás deste sistema administrativo! “Uma página após outra poderia ser escrita com relação a estas coisas. Associações inteiras estão se tornando levedadas com os mesmos princípios pervertidos. ‘Porque os seus ricos estão cheios de violência, e os seus habitantes falam mentiras; e a sua língua é enganosa na sua boca.’ O Senhor operará para purificar a sua igreja. Digo-vos com verdade que o Senhor está prestes a virar e transtornar as instituições chamadas pelo Seu nome.” - Ellen G. White em Testemunhos para Ministros, pág. 373. Escrito em 1897. [2] Sobre "receber algo em troca do dízimo" leia o subtítulo "Dízimo pelo Serviço" no capítulo 1. |