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O Dízimo e o Seu Uso na Corporação Adventista

Capítulo V - Ação dos Leigos e Reação da Corporação

 

Ao analisarmos as informações divulgadas pela secretaria da Associação Geral no capítulo anterior percebemos que o objetivo de evangelismo e conservação não está sendo atingido. Descobrimos que a falta de assistência pastoral devido à existência de grandes distritos é uma das principais causas da grande quantidade de apostasias e evangelismo deficiente. Vimos também que as igrejas arrecadam dinheiro suficiente para que haja uma melhor distribuição de obreiros. Finalmente concluímos que a raiz destes problemas é uma aplicação dos dízimos para fins diferentes dos estabelecidos por Deus. Vimos que a administração absorve grande parte dos recursos e os gastos operacionais de Associações, Missões, Uniões e Divisões têm privado a igreja local dos recursos necessários para o evangelismo e salvação de almas.

Neste artigo vamos abordar algumas alternativas adotadas por aqueles que tomam consciência da má administração dos dízimos pela organização. O objetivo não é indicar uma ou outra alternativa, mas refletir a respeito dos princípios sobre os quais elaborar uma solução adequada. No final do capítulo apresentaremos um estudo de caso: Um ministério de apoio ao evangelismo.

Parar de Dizimar

Muitos irmãos, ao perceberem como as finanças são administradas pela organização decidem parar de dizimar. Isto não ocorre do dia para a noite. Primeiramente passam a dizimar sem prazer. O dízimo se torna um fardo pesado; sentem-se como se estivessem jogando dinheiro no lixo. Após algum tempo, finalmente, decidem parar de dizimar. Os não dizimistas não podem ser excluídos por este motivo (Manual da Igreja, pág. 173), mas não podem ser escolhidos para assumir qualquer cargo (Manual da Igreja, págs. 49 e 138). Portanto os que têm cargos na igreja acabam remetendo uma quantia simbólica para a Associação a fim de que seu nome não seja colocado no rol de não dizimistas e sua elegibilidade não seja impugnada pela comissão de nomeações.

Estes irmãos raciocinam da seguinte forma: “Já que a administração não emprega os dízimos conforme a recomendação do Espírito de Profecia não os utilizando para colocar obreiros no campo e para pregar o evangelho, então eu não devolvo mais.”

Esta não é uma boa alternativa. Veja o conselho inspirado:

"Alguns se têm sentido mal-satisfeitos, e dito: "Não devolverei mais o dízimo; pois não confio na maneira por que as coisas são dirigidas na sede da obra." Roubareis, porém, a Deus, por pensardes que a direção da obra não é correta? Apresentai vossa queixa franca e abertamente, no devido espírito, e às pessoas competentes. Solicitai em vossas petições que se ajustem as coisas e ponham em ordem; mas não vos retireis da obra de Deus, nem vos demonstreis infiéis porque outros não estejam fazendo o que é correto" - Ellen G. White - Obreiros Evangélicos, pág. 227

No trecho acima, Ellen White faz três importantes recomendações para aqueles que “não confiam na maneira como as coisas são dirigidas na sede da obra”. A primeira recomendação dela é “apresentai vossa queixa franca e abertamente”, ou seja, você deve reclamar, admoestar, e pedir reformas administrativas na obra. Vamos comentar mais para frente sobre este procedimento.

A segunda recomendação de Ellen White é a seguinte: “não vos retireis da obra de Deus”. Muitas pessoas, ao descobrirem como o dízimo é empregado pelas associações, chegam a perder o sono e sentem-se muito incomodadas ao encarar a realidade. É exatamente nesta hora que o inimigo as ataca com pensamentos malévolos. Em sua astúcia ele tenta desanimar estas pessoas sugerindo que não apenas a estrutura administrativa está desajustada, mas também parte das doutrinas da igreja adventista. Além de perder o sono, muitos irmãos acabam perdendo a fé. Infelizmente muitos dos nossos queridos irmãos, ao acompanhar procedimentos administrativos da corporação adventista, chegaram a perder a fé inclusive na volta de Jesus. Olharam para o homem e se esqueceram de olhar para o nosso verdadeiro Pastor, Jesus Cristo. É por esta razão que Ellen White recomenda àqueles que não confiam na administração a não se retirarem da obra de Deus. Que o desvio de dízimos e os inúmeros problemas administrativos da corporação não venham a servir de pedra de tropeço. As pessoas que mais se incomodam com estes problemas são, em geral, as mais comprometidas com o sucesso da obra de Deus. Adventistas nominais e formais, geralmente não se incomodam com os problemas apresentados até aqui.

A terceira recomendação de Ellen White é a seguinte: “nem vos demonstreis infiéis porque outros não estejam fazendo o que é correto”. Esta recomendação está relacionada com a anterior. Mas é importante ressaltar que a infidelidade citada por Ellen White não se refere à fidelidade aos homens, aos pastores, aos administradores ou à corporação, mas sim à fidelidade a Deus. Não devemos combater o erro com outro erro. Muitas pessoas param de dizimar quando são informadas a respeito da forma como as associações empregam o dízimo. Tais pessoas estão tentando combater o erro com outro erro. A recomendação inspirada é clara: A infidelidade de outros não pode me induzir a ser infiel também. Devo combater o erro mostrando o que é certo. Combato a mentira mostrando a verdade. Reprovo a má administração dando um exemplo de fidelidade através da boa administração, afinal de contas todos somos mordomos responsáveis pelos bens que o Senhor nos confiou.

Devo sempre ter em mente que o dízimo, além de ser uma prova de fidelidade, tem um objetivo nobre: A salvação de almas. Deus não precisaria dos homens e de seus parcos recursos para salvar a humanidade, mas Ele decidiu utilizá-los para que o homem se tornasse co-participante do plano da salvação. Poder participar da salvação de almas é maravilhoso! O dízimo é um dos recursos que Deus reserva para Si e deve ser usado para a salvação de almas. Reter o dízimo significa dizer: "Senhor, como não confio mais nos homens da administração, desisto de utilizar meus recursos para a salvação de almas". Reter o dízimo é uma atitude radical, não vai solucionar o problema do evangelismo deficiente e do alto índice de apostasias, não vai melhorar a assistência pastoral e não vai apressar a volta de Cristo.

Ignorar o Problema

Ignorar o problema é a alternativa adotada por boa parte dos adventistas. Aqueles que tem dependência emocional da denominação e não tem comprometimento com a obra de salvação em geral tendem a ignorar o problema da má administração dos recursos sagrados. Esta atitude de omissão é tão ou mais nociva que a primeira (não dizimar). Os administradores da organização se esforçam para que o povo adote este comportamento, pois enquanto os membros não tomarem consciência da gravidade dos problemas que afetam a igreja ou simplesmente ignorá-los, os pastores administradores poderão continuar recebendo grandes quantidades de dízimo e administrando o sistema da forma como ele julgam mais conveniente. Podem continuar usando o dízimo para sustentar a máquina administrativa em detrimento da pregação direta do evangelho através da igreja local. São muitos os argumentos utilizados pela administração para manter o povo nesta letargia. Alguns deles passaram a fazer parte de nossa cultura:

·          "Não se preocupe se o dízimo é bem ou mal utilizado. O seu dever é devolver sem questionar. Deus pede que você devolva, não pede que questione ou fiscalize se é bem ou mal utilizado. Se for mal utilizado, as pessoas responsáveis prestarão contas com Deus. Faça a sua parte."

·          "A igreja não é perfeita, é liderada por homens falhos. A igreja aqui é militante, cheia de falhas, mas em breve será a igreja triunfante e perfeita. Vamos orar para que tudo corra bem e as coisas melhorem. Não vamos julgar nossos líderes, vamos orar por eles e fazer a nossa parte devolvendo o dízimo para a Associação como Deus pede. Se Ele achar que algo deva mudar, Ele vai fazer. Deus está no comando da Igreja, vamos deixar que Ele, não os homens, faça a reforma."

 

Mas não é esse o procedimento recomendado pela serva do Senhor. Ao contrário do que muitos tentam sugerir, o membro comprometido com a obra de Deus vai questionar e investigar como o dízimo está sendo aplicado:

“As igrejas precisam despertar. Os membros devem despertar do sono e começar a perguntar: Como o dinheiro que nós colocamos no tesouro está sendo usado? O Senhor deseja que uma cuidadosa investigação seja feita. Todos estão satisfeitos com a história da obra nestes últimos quinze anos? Onde está a evidência da cooperação com Deus? Nossas igrejas e instituições devem retornar para onde elas estavam antes de iniciar o retrocesso, quando elas começaram a confiar no homem e fazer da carne o seu braço. Os filhos de Israel contemplaram a terrível manifestação da presença de Deus no monte, mas antes que Moisés estivesse quarenta dias longe deles, eles substituíram a Jeová por um bezerro de ouro. Coisas semelhantes a esta têm sido feitas entre nós como um povo. Retornemos agora a Deus em penitência e contrição. Confiemos nEle, não no homem.” - Ellen G. White - Coleção Cress, pág. 120 - Grifo acrescido.

Ignorar o problema não é a alternativa correta. Temos um problema e ele precisa ser resolvido, não ignorado. Enquanto este problema não for resolvido a igreja estará sofrendo as conseqüências.

Falar Com Os Líderes Competentes

O capítulo 18 do evangelho de S. Mateus indica como tratar com o erro na igreja:

 “Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão” vs. 15.

Quão diferente seria a Igreja de Deus se os cristãos sempre colocassem em prática esta ordem de Cristo! Quantas inimizades, mágoas e conflitos deixariam de existir? Ir tratar diretamente com a pessoa envolvida é o caminho especificado por Cristo para a solução dos problemas entre irmãos. Será que podemos aplicar este conselho na tentativa de resolver o problema da má aplicação dos dízimos? Não apenas podemos, como devemos!

Uma reforma por parte dos administradores seria a melhor solução no que diz respeito à abrangência dos resultados. Imagine a administração da corporação adventista a partir de agora decidisse utilizar os dízimos para a pregação do evangelho e salvação de almas. Imagine se todas as igrejas recebessem, em média, um benefício espiritual e material proporcional ao dízimo remetido mensalmente à Associação/Missão. Em breve o evangelho seria pregado em todo o mundo e veríamos Jesus voltando muito em breve. Este seria, sem dúvida, o caminho mais eficiente, pois beneficiaria um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo.

Embora você tenha o direito e o dever de reclamar com os líderes da corporação, não imagine que tais reclamos resultarão em mudanças significativas. Infelizmente tais reformas administrativas são praticamente impossíveis. As pessoas que são ou já foram obreiras remuneradas pela corporação adventista e os que tiveram ou têm relacionamento com esta corporação sabem perfeitamente que ninguém mexe nesta estrutura. Muita gente poderosa está sendo beneficiada com o atual esquema e os membros dizimistas são obrigados os que pagam a conta.

Muitas pessoas já tentaram contato com os líderes da corporação a fim de sugerir as mesmas mudanças, mas tais pessoas também não foram ouvidas. Elas são aconselhadas pela administração a orar e entregar a situação na mão de Deus. As que conseguiram contato com os líderes apenas ouviram justificativas e desculpas do tipo "somos todos imperfeitos" ou "as coisas aqui na Associação/Missão estão mudando; estamos melhorando a cada dia". Mas nenhuma atitude prática foi tomada. Os membros que insistem em solicitar reformas são ameaçados, perseguidos e rotulados de “críticos”.

Isto não significa que você não deva tentar conversar com eles sobre este assunto. Converse com os líderes, exija soluções e não se contente com justificativas. Suas possibilidades são praticamente nulas, mas não desista. Tente contactá-los e você comprovará através de experiência própria que temos razão.

Observação Importante: Não adianta apresentar estas reclamações para o pastor distrital. Ele não é a pessoa competente que Ellen White se refere no texto citado anteriormente (Obreiros Evangélicos, 227). Ele pode fazer menos do que você para mudar algo. A maioria dos pastores distritais não concorda com a estrutura administrativa e financeira da obra, mas não podem declarar isto publicamente. Se um pastor se posicionar contra o sistema administrativo, certamente sofrerá retaliações vindo dos escalões superiores. Se você tiver muita intimidade com algum pastor ou tiver algum pastor em sua família pergunte a ele e você poderá concluir que tudo o que dissemos até aqui é a realidade. Boa parte dos pastores distritais gostaria de mudar o estado de coisas, mas não têm competência ou autoridade para tanto. As pessoas competentes que teriam alguma influência e poder para tentar mudar algo estão na Divisão e na Associação Geral. Mas estas pessoas não têm o mínimo interesse em realizar estas mudanças. Os pastores distritais tentam, na medida do possível, desviar os olhos dos membros destes fatos para não experimentar queda na arrecadação de dízimos. Eles costumam dizer: “Irmão, há tanta coisa errada neste mundo, mas se formos olhar para isto vamos acabar perdendo a fé. Vamos fazer o nosso melhor, vamos orar e esquecer os problemas.” Você, como membro leigo (sem dependência financeira da corporação), pode fazer muito mais do que o seu pastor para mudar esta situação. A maioria das pessoas desconhece o poder que tem nas mãos e a influência positiva que pode exercer para o avanço da causa de Deus.

Aplicar Seu Dízimo em Evangelismo

Aplicar o dízimo por conta própria em evangelismo foi a alternativa que eu adotei quando conheci o livro de praxes e tive provas da má utilização do dízimo por parte da Corporação Adventista. Nesta época (1997) eu era ancião da igreja de São João Clímaco, em São Paulo - SP.

Quando descobri que a maior parte dos dízimos remetidos para a Associação/Missão não era aplicada no ministério evangélico fiquei muito decepcionado e passei a utilizar o dízimo para o evangelismo local. Ao longo do tempo outras pessoas passaram a fazer o mesmo. Conseguimos resultados locais excelentes. Bíblias e material evangelístico eram distribuídos em abundância. Adquirimos equipamentos eletrônicos para apoiar o evangelismo, livros do Espírito de Profecia eram distribuídos em nossas visitas missionárias. O resultado não poderia ser outro: Jovens animados, igreja lotada (inclusive às quartas-feiras), classes bíblicas ativas e um crescimento real de aproximadamente 40% ao ano. Isso graças ao trabalho do Espírito Santo e à correta aplicação do dízimo (ministério evangélico de verdade).

Percebi, no entanto, que o problema não estava sendo resolvido, mas estava sendo apenas minimizado num âmbito local. Não estávamos conseguindo atender a demanda por estudos bíblicos. Além disso, nossa missão é global, não é local. Não era plano de Deus que uma igreja prosperasse enquanto outras continuavam sem recursos. Estávamos apenas minimizando os problemas de minha igreja, mas e as outras igrejas? Continuavam passando fome. Fome financeira, pois lhes faltava dinheiro e fome espiritual, pois lhes faltava assistência pastoral.

O Ministério de Obreiros

Diante deste cenário decidimos contratar obreiros de tempo integral para desenvolver projetos evangelísticos não apenas em nossa igreja, mas também nas igrejas da redondeza. O Ministério dos Obreiros Voluntários Adventistas foi estabelecido para apoiar o evangelismo dentro da igreja adventista. Apoiamos a união e integração das igrejas locais através do trabalho missionário. Um grupo de irmãos financiava com dízimos estes obreiros e lhes fornecia material para o trabalho.

Mensalmente emitíamos um demonstrativo de entradas e saídas de fundos. Treinamento foi preparado e ministrado não apenas para os obreiros de tempo integral, mas também para os membros que trabalhavam voluntariamente algumas horas por semana. Toda a igreja se inflamou e começou a seguir o exemplo dos obreiros. Tivemos o prazer de batizar várias pessoas como fruto do trabalho dos obreiros deste ministério.

Com o sucesso do ministério, naturalmente aumentaram os doadores e o trabalho ficou famoso nas redondezas. Isto chamou a atenção de muitos e principalmente do pastor distrital e dos administradores da Associação Paulistana. Como as remessas de dízimo para a Associação começaram a cair, a Associação percebeu que o ministério de obreiros não estava sendo vantajoso para eles. Portanto, decidiram desaprovar a iniciativa.

Apesar dos esforços da liderança da Associação, os membros envolvidos no ministério decidiram continuar financiando os obreiros. Mas o discurso do pastor e da Associação contra esta iniciativa rapidamente dividiu a igreja. A igreja estava unida no trabalho missionário e a dedicação dos obreiros contagiava o povo, até que esforços por parte da administração dividiram o exército. O pastor e a Associação começaram a disseminar a idéia de que o ministério dos obreiros havia causado divisão na igreja e que os que financiavam este projeto eram inspirados pelo inimigo. Neste momento, muitos que até então apoiavam financeiramente o trabalho dos obreiros decidem desistir. Os poucos que subsistem começam a ter sua reputação difamada e sofreram disciplina eclesiástica. Este foi o meu caso e de outros irmãos que insistiram em usar o dízimo para o evangelismo local.

O próximo sub-título, “Lavagem Cerebral”, é a transcrição de um artigo que escrevi em Setembro de 1999, três meses antes da minha exclusão. Neste artigo tento mostrar qual é o discurso usado por pastores e administradores com o objetivo de desviar a atenção dos membros para os problemas (e conseqüentemente soluções) que temos diante de nós.

Lavagem Cerebral

"Deus nos deu a liberdade de pensar, e é privilégio nosso seguir nossas impressões quanto ao dever. Somos apenas seres humanos, e o ser humano não tem jurisdição sobre a consciência de outro ser humano. ...Cada um de nós tem uma individualidade e identidade que não pode ser submetida a nenhum outro ser humano. Somos individualmente feitura de Deus. ...Deus, somente, deve ser o guia da consciência do homem. A verdade deve ser pregada onde quer que ela encontre uma abertura. A Palavra de Deus deve ser explanada aos que não conhecem a verdade. É esta a obra dos ministros de Deus. Não devem ensinar os homens a volver os olhos para eles, ou procurar controlar as consciências alheias." Mente, Caráter e Personalidade, Vol. 2, págs. 708 e 709.

Ao longo de décadas vozes se têm levantado como trombetas (Isaías 58:1) para denunciar a corrupção institucionalizada e legalizada na administração da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Pessoas que observam com indignação os desmandos e arbitrariedades da liderança da IASD não conseguem se conter e proclamam em alta voz a necessidade de uma reforma. Na medida em que a informação aumenta, estes clamores por reformas têm aumentado em vários lugares do Brasil e do mundo. Como o fluxo de informações aumenta a cada dia espera-se que a pressão por reformas aumente e estas aconteçam em breve.

Boa parte das questões levantada está relacionadas à aplicação dos dízimos que são coletados nas igrejas e remetidos às Associações e Missões: Por que o dízimo pode ser usado para comprar propriedades para a construção de associações e compra de equipamentos para escolas e associações, mas não pode ser usado para comprar propriedades para a construção de igrejas e compra de equipamentos e reformas de igrejas? Por que o dízimo sustenta uma estrutura administrativa monstruosa (Associações, Missões, Uniões, Divisões), mas não pode sustentar as atividades missionárias da igreja local? Por que há tão poucos obreiros no campo se a igreja arrecada o suficiente para colocar muitos deles onde hoje há apenas um?

Não fomos os primeiros a levantar estas questões de maneira mais incisiva. Muitos outros irmãos, inclusive pastores, já colocaram em pauta estas e outras questões. Por que, então, a igreja ainda não passou por uma reforma? Não há quem discorde de que o dízimo deve ser usado para a salvação de almas. Deus estabeleceu a igreja (conjunto de crentes) como instrumento para a salvação de almas. Estes deveriam usar os seus recursos (tempo, talentos e tesouros) para cumprir esta missão.

Ellen White afirma de forma enfática em seus escritos que o dízimo deve ser utilizado para que obreiros sejam colocados no campo. (Ver Obreiros Evangélicos, pág. 224-228). No entanto, o dízimo tem sido utilizado para alimentar um monstro administrativo e instituições que apenas os pastores e membros mais afortunados têm o privilégio de usufruir. Refiro-me às escolas adventistas, clínicas, hospitais e acampamentos de verão. Isto mesmo! O dízimo é utilizado para o estabelecimento e manutenção de escolas e acampamentos de verão.

A questão que permanece é a seguinte: Como pode a igreja, proprietária destas informações, conhecedora dos ensinos bíblicos e do Espírito de Profecia, tolerar este tipo de administração? A resposta é: Lavagem Cerebral.

Vamos abordar agora os mais diversos tipos de lavagem cerebral adotadas pela administração para imobilizar as pessoas e torná-las contribuintes passivos.

Lavagem de Todo Tipo

Há lavagem cerebral para membros individuais, há lavagem cerebral para igrejas inteiras e há, também, lavagem cerebral para pastores. O objetivo da liderança é, através da lavagem cerebral, manter o sistema funcionando sem questionamentos ou oposições. Só que esta tarefa está ficando um pouco mais difícil ultimamente. Antigamente a igreja era formada por pessoas de baixo grau de instrução e de pouca disposição para questionar. Hoje o perfil do membro leigo mudou. Boa parte de nossos irmãos tem nível cultural elevado e uma mente mais aberta para questionar e reivindicar os seus direitos. Embora a eficiência da lavagem cerebral tenha diminuído por esta razão, ainda tem surtido um bom efeito na cabeça de muitos irmãos. Passamos a citar alguns exemplos de lavagem cerebral:

Lavagem Simples

Este tipo de lavagem cerebral é o mais utilizado pelos pastores e pela liderança das igrejas. Apesar de ser simples, pois consiste de apenas uma breve declaração, esta lavagem cerebral tem uma eficiência formidável. Em geral, todo tipo de questionamento em relação ao dízimo é abafado após esta lavagem. A lavagem simples consiste da seguinte argumentação: "Se a Associação está empregando o dízimo de forma incorreta, eles vão prestar contas a Deus. Faça a sua parte sem julgar a Associação e Deus lhe abençoará ricamente".

Poucas palavras e resultados surpreendentes! O efeito inibidor desta argumentação é imediato. O questionador, ao ouvir isso, pára imediatamente de questionar e pensa: "Isto é verdade! É lógico que se a Associação empregar o dízimo de forma incorreta, haverá de prestar contas a Deus, mas eu não quero ser julgado por retê-lo, então devo fazer a minha parte devolvendo-o para a Associação."

Uma análise mais profunda desta argumentação demonstrará que ela está fundada sobre a areia.

Imagine que o tesoureiro de sua igreja tenha sido surpreendido desviando dinheiro santo para benefício próprio. Suponha que isto tenha ficado devidamente provado e documentado. Qual deve ser a posição da igreja neste caso? Que atitude será tomada pelo pastor e pela comissão da igreja? Será que o pastor defenderia o tesoureiro dizendo que ninguém deve julgá-lo, pois ele foi escolhido por Deus através da comissão de nomeações? Os irmãos não acreditam que é Deus quem escolhe os líderes através da comissão de nomeações? Quem somos nós para destituí-lo do cargo? Só Deus poderá tirá-lo de lá. Não devemos julgá-lo, afinal de contas somos todos imperfeitos, devemos perdoá-lo. Onde está o espírito de perdão? Se o tesoureiro está desviando o dinheiro da igreja, então está mexendo no dinheiro de Deus. Ele deverá ser julgado por Deus, não pelos homens.

Você concorda com a argumentação acima? Deve a igreja tomar alguma atitude com relação a este tesoureiro ou deixar que Deus, no juízo final, se encarregue de julgá-lo? A resposta é "depende". Se este tesoureiro for um membro leigo então é necessário removê-lo do cargo e discipliná-lo, talvez excluí-lo, mas se o tesoureiro representar a figura da corporação adventista, então não devemos julgá-lo. Deus se encarregará de fazê-lo no juízo final. Deus pôs o indivíduo, Deus se encarregará de removê-lo. Se ele ainda está lá é porque Deus quer. (Quando a corrupção em nossas instituições fica evidente e não há como abafar, então há uma outra saída para não prejudicar o infrator: Transferi-lo para outro campo.)

Lavagem Cerebral para Pastores

Há reuniões especiais para lavagem cerebral pastoral em grupo. A estas reuniões dá-se o nome de concílios. Com relação à aplicação do dízimo e reformas administrativas há também um tipo de lavagem cerebral que é aplicada aos pastores que se atrevem a questionar a administração. Observe este dialogo entre o Pr. Fernando, presidente da Associação, e o Pr. Sérgio, um pastor jovem e sincero. (Nomes fictícios)

- Pastor Fernando, tenho encontrado muitas dificuldades para atender o meu distrito com seis igrejas. Tenho tentado atender à expectativa de quase 700 irmãos, mas sem sucesso. Eles vivem reclamando do pastor. Dizem que eu não os visito, que sou um pastor ausente, que não compareço às reuniões. Nosso distrito arrecada o suficiente para pagar vários pastores, mas eu tenho trabalhado lá sozinho. Pastor Fernando, acho que nossa organização tem empregado o dízimo de forma equivocada. Por que não utilizamos o dízimo conforme recomendação de Ellen White, colocando mais obreiros no campo? Por que boa parte do dízimo é repassada para as instituições superiores e o resto é gasto nas funções administrativas? Por que os pastores distritais ficam sem recursos e sobrecarregados?

- Meu querido Pr. Sérgio, responde o presidente, tenho observado o seu empenho ao tentar cuidar dessas igrejas. Eu lhe confesso que há muitas coisas erradas na administração da Organização aqui no Brasil, mas isto em breve vai mudar. Creio que não é agora e não é você quem vai mudar esta situação. Faça o melhor que puder por suas igrejas. Em breve, quando você for o presidente desta Associação, eu talvez seja o presidente da União ou da Divisão, então estaremos numa posição em que poderemos mudar alguma coisa. Isso, com certeza vai mudar, mas não agora. Por enquanto, o máximo que você vai conseguir com estes questionamentos sobre o emprego do dízimo é prejudicar sua carreira dentro da Organização. Não questione o dízimo, meu filho. Eu, em meus longos anos de ministério, já vi muitos pastores bem intencionados e sinceros, mas questionadores, sendo transferidos para a região Norte e Nordeste do Brasil. Sinceramente, não quero que isto aconteça com você, pois lhe aprecio muito. Infelizmente, é isso que acontecerá se você insistir nesses pontos. Será prejudicado e não conseguirá mudar nada. Vai por mim, meu filho.

A conversa termina e o Pr. Sérgio entende o recado e promete não mais questionar o sagrado assunto do emprego do dízimo. Afinal de contas, ele não é louco. Se for demitido da Organização, onde vai arranjar emprego neste país? Que empresa pública ou privada desejaria contratar um bacharel em teologia? O pessoal formado em administração de empresas está com dificuldades de arranjar emprego, imagine um bacharel em teologia. O Pr. Sérgio, daquele dia em diante, resolve ficar calado.

Lavagem Completa

O último tipo de lavagem cerebral que citaremos (há muitos outros, mas não vamos citar todos) é a lavagem completa, ou seja, é a lavagem aplicada em toda igreja de uma vez só. Se você ainda não recebeu este tipo de lavagem, então prepare-se para ouvir. Talvez você presenciará uma seção de lavagem completa no próximo culto divino. Estas são proferidas do púlpito ou por escrito.

Em geral, esta lavagem é feita por pastores departamentais eloqüentes e carismáticos. Contudo, qualquer pregador leigo bem preparado pode aplicá-la em sua igreja. Ela é cuidadosamente preparada com um coquetel de xampus persuasivos. Após tal lavagem, é bem difícil alguém esboçar alguma reação imediata. O cérebro dos irmãos fica bem limpinho e vacinado contra qualquer tendência ao questionamento das praxes administrativas e financeiras estabelecidas pela organização. Assim como a lavagem simples, a lavagem completa também está fundada sobre a areia, mas não é tão simples perceber o engodo. Apenas uma análise cuidadosa indicará que realmente se trata de uma lavagem cerebral astuta, um discurso que não tem a função de esclarecer, mas de inibir espíritos questionadores e inquiridores da verdade.

Vamos imaginar um exemplo para ilustrar este tipo de lavagem cerebral. Alguns irmãos de uma igreja do interior começaram a questionar a razão de enviarem vultosas remessas para a Associação e não receberem benefícios correspondentes. Pelo contrário, sempre que necessitavam de algum auxílio financeiro este lhe era negado pela Associação. Quando descobriram que o dízimo remetido para a Associação não era empregado de acordo com as orientações bíblicas e do Espírito de Profecia decidiram não se desviar do que está escrito e começaram a aplicar os dízimos diretamente naquilo que foi estabelecido por Deus - contratação de obreiros, sem o "auxílio" de intermediários. Quando isto chegou ao conhecimento da Associação Local, imediatamente o departamental de mordomia foi enviado para realizar uma semana de fidelidade naquela igreja. Leia o discurso deste pastor proferido no sábado pela manhã, com a igreja lotada:

“Queridos irmãos. Estamos nos aproximando do fim, pois os sinais evidenciam tal fato. Um dos sinais do fim é a manifestação de falsos ensinos dentro da igreja de Deus. Pessoas que mostram aparência de piedade têm, através de uma argumentação aparentemente convincente, levado muitos irmãos a frustrar o plano estabelecido por Deus. Através de questionamentos e artigos distribuídos a líderes de várias igrejas têm tentado trazer descrédito sobre a administração da Igreja Adventista do Sétimo Dia”.

“Esta igreja foi estabelecida por vontade de Deus e o sistema administrativo foi inspirado pela mesma fonte, fonte divina. É o sistema perfeito, pois foi estabelecido por Um que não pode errar. Mas infelizmente algumas pessoas, inspiradas pelo inimigo, têm questionado as práticas de emprego do dízimo e se rebelado contra os líderes do Israel moderno. Assim como Coré, Datã e Abirão se rebelaram contra Moisés, estes irmãos, mostrando aparência de piedade e zelo, se rebelam contra a administração. Com isto fazem o corpo todo sofrer, pois incitam a igreja à divisão”.

“Nossa igreja tem que ser unida. Jesus orou pela união da igreja e esta união irá se manter a despeito dos esforços destes inimigos da Causa de Deus. Estes homens, revoltados com a obra e consigo mesmo, são como urubus, só olham para as coisas ruins. Só vêem os defeitos da administração. Não vêem as virtudes. Irmãos, não vamos ser como os urubus, mas como as águias. Estas não olham para baixo a procura de carniça, mas estão sempre olhando para cima e voando acima das nuvens negras. Irmãos, não vamos julgar ou criticar a administração”.

"A crítica provêm do inimigo. Há falhas em nossa organização, pois a igreja é militante e é dirigida por homens imperfeitos. Mas em breve seremos a igreja triunfante e reinaremos com Jesus por toda eternidade. Vamos nos unir irmãos, mas não para criticar a Obra. Vamos nos unir para terminá-la em nome de Jesus. Amém irmãos. Digam Amém! (A igreja em alta voz diz amém). Associação, mais igreja local, juntos e unidos em um único propósito: Abreviar a volta de Jesus. Não vamos mais roubar a Deus retendo dízimos e ofertas na igreja local. Vamos devolvê-los através dos canais estabelecidos por Deus, ou seja, a Associação. As bênçãos com certeza virão."

Quem pode resistir a este discurso feito por um departamental eloqüente e carismático? Ele não explicou por que o dízimo pode ser usado para a promoção de programas de colportagem e acampamentos de verão, a despeito das claras orientações do Espírito de Profecia. Apenas lançou uma cortina de fumaça sobre o assunto, disse muitas verdades, mas não foi ao ponto. Colocou o nome de Jesus no meio do discurso para dar um ar de espiritualidade e mexeu com a emoção dos ouvintes mencionando a volta de Jesus.

Ele disse que o atual sistema administrativo foi estabelecido por Deus e é um sistema perfeito. Será? Foi Deus que inspirou um sistema administrativo onde um pastor cuida de 4, 6, 10, 20 igrejas? Foi Deus que estabeleceu um sistema onde a sede administrativa é mais luxuosa que a Casa do Senhor? A verdade é que Deus, de fato, inspirou um sistema administrativo organizacional para a Sua igreja, mas não é este que temos hoje. Isto é uma contrafação, uma deturpação do inimigo. E a igreja paga o preço.

É uma grande blasfêmia atribuir a Deus a autoria de um sistema que mantém um pastor para várias igrejas, que usa o dízimo para manter uma estrutura administrativa gigante. Mas este costume de lançar a culpa em Deus vem desde o Éden. Deus faz as coisas certas, Satanás deturpa e põe a culpa em Deus.

Há um tempo atrás disse a um pastor que se o dízimo fosse utilizado na pregação do evangelho, teríamos muito mais batismos e menos apostasias do que temos hoje. Ele me disse que o problema do fracasso no evangelismo da IASD não ocorre por falta de dinheiro, mas por falta do Espírito Santo, pois quando o Espírito Santo cair o evangelho será pregado sem a necessidade do dízimo. Achei esta resposta bastante interessante. Então o culpado é o Espírito Santo que não cai sobre nossas cabeças! Enquanto não recebemos o Espírito, infelizmente temos recebido lavagem cerebral...

Criação de Comunidades Independentes

Com o aumento da informação e do esclarecimento, a argumentação evasiva da Corporação não tem tido muito sucesso em alguns lugares. Quando tal expediente não funciona e não há como explicar tais questões, a regra é se voltar contra os portadores da mensagem. Como isso é feito? Primeiramente difamando estes irmãos denominando-os de “rebeldes”, “dissidentes” e “inimigos da igreja”. O pecado destes “rebeldes” é discordar de procedimentos da Corporação como, por exemplo, a má administração dos dízimos e as relações ecumênicas entre a Igreja Adventista e os protestantes e católicos.

A realidade é que quem não concorda com os procedimentos da Corporação tem que ficar calado. Caso discorde e demonstre insatisfação o membro torna-se “persona non grata”, um elemento indesejável. A Corporação sempre arranja uma forma de eliminar tal pessoa. Em geral as exclusões por motivos administrativos (aquelas que não envolvem quebra de mandamento) ocorrem em processos injustos, contrários ao Manual da Igreja. Este tipo de procedimento está se tornando comum não apenas contra membros individuais, mas também contra igrejas inteiras. Um exemplo clássico é o da igreja de Poá, em São Paulo. A Corporação através da Associação Paulista Leste, de forma arbitrária fechou a igreja e deixou os irmãos na rua. (Lembre-se que quando compramos um terreno e construímos uma igreja, ela é colocada no nome da Corporação).

O procedimento destes irmãos que foram excluídos por motivos administrativos tem sido o mesmo dos apóstolos quando fugiam da perseguição dos judeus. Muitos têm se reunido em casas particulares, outros alugam garagens ou salões para oferecer um culto ao nosso Deus. Estas comunidades não têm qualquer vínculo com a Corporação, pois assim como Lutero, foram expulsos da igreja que amavam. No meu caso, por exemplo, no ano 2000 solicitei reintegração como membro registrado nos livros da Corporação. Solicitei uma audiência com a igreja conforme prescreve o Manual da Igreja, pág. 174. O pastor distrital, sem considerar qualquer voto da comissão, arbitrariamente negou a audiência e conseqüentemente a reintegração. O fato é que tocamos naquilo que é a menina dos olhos da Corporação: o dinheiro.

“Deus tem uma igreja. Não é uma grande catedral, nem um estabelecimento nacional, nem mesmo as diversas denominações; são as pessoas que amam a Deus e guardam os seus mandamentos” - Ellen G. White - Upward Look, 315

A igreja de Deus é um povo. Não é uma pessoa jurídica com sedes luxuosas e logotipo. Não é uma denominação vinculada a Roma. A igreja de Deus é composta pelas pessoas que O amam e estão dispostas a finalizar Sua obra nesta terra.

 

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